Mata do Fontelo. Viseu. 2011 |
[Negativos arq. #3] As micro-paisagens são como que a continuidade dos horizontes ilimitados de viagens primordiais, feitas num tempo em que a memória era quase inexistente e o caminhar era tomado de uma energia misteriosa, imparável. Agora era como encontrar as portas de um mundo quântico, a descoberta do infinito vegetal no coração de uma malha urbana densa. Regresso inquietante à vastidão das maiores paisagens. Regresso a um princípio que era o fim dos grandes horizontes. Estas micro-paisagens são o fim de um documentalismo que pensava possível, depois de longas viagens, depois de demorados registos fotográficos por todo um território definido. À medida que baixava a escala do registo, e me aproximava de solo, do labirinto do mundo vegetal e da transparência que ele revela, mais se torna evidente que estas fotografias não podem avançar sobre aquilo que se propunham: a captação tendencialmente completa de um mundo visível. Essa realidade já era desmentida pela passagem do tempo, mas agora tornava-se demasiado claro que havia outras dimensões por onde um trabalho podia avançar sem nunca se aproximar de um limite. Era, contraditoriamente, algo que se perseguia: a irrepitibilidade de tudo, tempo e espaço, e escalas espaciais antes não exploradas. (A estes territórios vastos de espaço e tempo arcaico, voltarei no final destas palavras, no último bloco de imagens destes Negativos arq.).
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