quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Arte

[Alberto Carneiro 09] Descemos para um outro espaço onde estão algumas obras de Alberto Carneiro. Como que caminhamos entre as ruínas deixadas por uma tempestade, mas as marcas que encontramos são as das goivas e dos formões, das serras. Não se trata de uma paisagem assolada por uma catástrofe, por ventos ciclónicos, abalos violentos, derrocadas, cheias, matérias transportadas aleatoriamente para locais distantes. Aqui há o desenho que parte do envolvimento físico com as peças de madeira, pressentem-se gestos de uma luta dura, de um trabalho sem descanso, de uma força imparável, as mãos e o corpo sem repouso, o limiar da exaustão. As noites habitadas pelo desejo célere da madrugada seguinte. Deste tempo longo, que apenas intuímos, ficam as marcas delicadas, os veios subtis, as texturas surpreendentes. Uma nova natureza, como se este fosse o natural passo seguinte de formas que procuram a sobrevivência no diálogo com o tempo que passa sobre um mundo mutante, efémero, veloz e agreste.

Espaço de Alberto Carneiro, São Mamede do Coronado, Trofa. 2015

Espaço de Alberto Carneiro, São Mamede do Coronado, Trofa. 2015



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