[depois do tempo 02] Os três núcleos de fotografias são independentes, mas estabelecem relações topológicas, e temporais, entre si. O primeiro núcleo é composto por um conjunto de 16 dípticos. São fotografias feitas em diferentes pontos do concelho de Guimarães, em que cada conjunto de duas imagens é captada no mesmo lugar mas em tempos diferentes, quase sempre com uma década e meia, aproximadamente, de intervalo. As únicas fotografias da cidade de Guimarães apresentam um hiato temporal de 31 anos.
Na parede oposta a este primeiro conjunto são apresentadas cinco linhas com um número variável de imagens. São fotografias de diferentes aspetos do território do município de Guimarães. A linha mais elevada foca o território do concelho, lugares agrícolas de mais baixa densidade populacional. A seguir temos o centro histórico da cidade, sobretudo ao redor de algumas das praças mais emblemáticas da urbe antiga. A linha intermédia aborda dois lugares emblemáticos da paisagem vimaranense, a Citânia de Briteiros e a Penha. São como que dois lugares fundacionais de todo este povoamento humano. Na linha seguinte voltamos à cidade, desta vez para observarmos alguns aspetos próximos do centro muralhado, mas que são exteriores a este perímetro. A linha inferior apresenta algumas semelhanças com a primeira, pois ambas abordam o espaço agrícola, mas ao contrário daquela, esta mostra perspetivas próximas do centro da cidade, não apenas de uma ruralidade em perda, mas também de parques da cidade.
Um terceiro núcleo “fala” um pouco das metodologias de trabalho num processo de mapeamento fotográfico da paisagem, seja ela natural, rural ou urbana. Este último núcleo subdivide-se em três blocos. Um primeiro bloco conta-nos a “história” de um único dia de trabalho fotográfico e são mostradas a totalidade das 3386 imagens realizadas nessa ocasião. O segundo bloco, ao centro, mostra três linhas de levantamentos fotográficos, bastante diferenciados, feitos em 1987, 1996 e 2003. Segue-se um mapa da área do concelho de Guimarães com a implantação de todas as fotografias aí realizadas em mais de 30 anos, um mapa de Portugal com a implantação de todas as fotografias feitas em território continental. Por fim são também mostrados alguns textos breves de amarração de todo este trabalho. Seguem-se ainda algumas fotografias de processo da construção da exposição. Um último bloco já não é apenas relativo a Guimarães mas às metodologias de trabalho associadas à forma como é encarado este modo de usar a fotografia. São cinco colunas, em que uma primeira, à esquerda, é sobre o caminhar, a segunda é sobre o desenhar, ou fotografar, depois temos imagens soltas de vários trabalhos desenvolvidos ao longo das duas últimas décadas. Nas duas últimas colunas, o processo de arquivo antecede a revelação aspetos informais da comunicação deste trabalho sobre o espaço português, são as exposições e os livros.
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