quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Fotografias

[depois do tempo 04] Esta é uma forma de fotografar. Aqui, por um lado, a fotografia é um modo de relação com a paisagem, um ato performativo, quase uma dança de silêncio, pés no solo, cabeça ao alto. Essa mesma fotografia, por outro lado, é um veículo de transporte e comunicação. As imagens deixam de ser “objetos” isolados, para se aproximarem de uma ideia de alfabeto, de frase, de texto composto, mensagem que existe fora da sua própria forma, do seu desenho. É a fotografia como pensamento reflexo da matéria. Mais do que representam, as fotografias são a vertigem do tempo contemporâneo, de uma urgência de fusão entre arte, poesia e ciência, mundo quântico, partículas explodidas em viagem aleatória pelo cosmos. Nós próprios somos as partículas de uma muito efémera união de átomos, complexa arquitetura de vida. E o que trazemos de novo aqui, que não conhecemos ainda de outros planisférios, é essa arquitetura vertida em vida breve. Construímos o nosso espaço, fazemos as cidades, que são a nossa própria condição, hoje, de sobrevivência, antes da partida em viagem sem regresso.

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