domingo, 29 de maio de 2016

Douro de ferro e vinho

[pocinho-côa 3] O Douro e o seu vale representam um dos mais fortes elementos estruturadores do território da Península Ibérica. Em espaço português o rio começa por definir a linha de fronteira entre Portugal e Espanha num profundo desfiladeiro. Quando, a jusante do Penedo Durão, não longe de Freixo de Espada à Cinta, o rio inflete na direção poente, a paisagem torna-se mais suave e começa um singular território vinícola, que se prolongará até ao alinhamento das serras do Marão, a norte, e Montemuro, a sul. Daí até à foz, entre o Porto e Vila Nova de Gaia, sente-se já o clima Atlântico e uma maior densidade de populações humanas. Se excetuarmos as duas cidades da foz do Douro e Peso da Régua, um entreposto comercial ligado ao vinho, não mais encontramos cidades ou vilas nas suas margens. A violência das suas águas, em cheias periódicas, parece sempre terem afastado o povoamento mais permanente das margens próximas do leito do rio. Há, no entanto, três formas características e determinantes de intervenção extensiva na paisagem duriense. A mais antiga dessas formas é a escadaria dos geios que sustenta as fileiras da vinha. É, segundo o geógrafo Orlando Ribeiro, uma das mais singulares paisagens construídas em todo o mundo. Um outro elemento é a via férrea, a Linha do Douro, com origem no Porto, na estação de São Bento, e términos em Barca de Alva, prosseguindo, após o atravessamento da ponte sobre a foz do rio Águeda, por terras de Espanha, com ligação a Salamanca. Um terceiro elemento são as barragens que, ao mesmo tempo que produzem eletricidade, tentam domar o irregular caudal do rio. Mas é sobre a linha férrea que nos vamos deter um pouco mais.
Rio Douro. Vila Nova de Foz Côa. 2012

Rio Douro. Vila Nova de Foz Côa. 2016

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