segunda-feira, 30 de maio de 2016

Três tempos

[viseu 08] Podemos, de forma genérica, sugerir três grandes momentos de desenvolvimento da cidade de Viseu. A Cidade Histórica, ou o tempo longo, desde as origens até ao final à implantação da República, em 1910, um período em que a modernização do espaço avança de forma sólida mas lenta. O segundo momento, Cidade XX, prolonga-se até ao 25 de Abril de 1974. Por fim temos a realidade contemporânea, Cidade Atual, em que as transformações e o crescimento da cidade se torna cada vez mais célere. Este é o mote para a estruturação de três grupos de imagens relativos ao espaço urbano de Viseu.
 
Casa das Memórias. Viseu. 2016

Casa de Almeida Moreira. (Cidade histórica). Viseu. 2015

Rua José de Oliveira Berardo. (Cidade xx). Viseu. 2015

Universidade Católica. (Cidade atual). Viseu. 2015
 

domingo, 29 de maio de 2016

Douro de ferro e vinho

[pocinho-côa 3] O Douro e o seu vale representam um dos mais fortes elementos estruturadores do território da Península Ibérica. Em espaço português o rio começa por definir a linha de fronteira entre Portugal e Espanha num profundo desfiladeiro. Quando, a jusante do Penedo Durão, não longe de Freixo de Espada à Cinta, o rio inflete na direção poente, a paisagem torna-se mais suave e começa um singular território vinícola, que se prolongará até ao alinhamento das serras do Marão, a norte, e Montemuro, a sul. Daí até à foz, entre o Porto e Vila Nova de Gaia, sente-se já o clima Atlântico e uma maior densidade de populações humanas. Se excetuarmos as duas cidades da foz do Douro e Peso da Régua, um entreposto comercial ligado ao vinho, não mais encontramos cidades ou vilas nas suas margens. A violência das suas águas, em cheias periódicas, parece sempre terem afastado o povoamento mais permanente das margens próximas do leito do rio. Há, no entanto, três formas características e determinantes de intervenção extensiva na paisagem duriense. A mais antiga dessas formas é a escadaria dos geios que sustenta as fileiras da vinha. É, segundo o geógrafo Orlando Ribeiro, uma das mais singulares paisagens construídas em todo o mundo. Um outro elemento é a via férrea, a Linha do Douro, com origem no Porto, na estação de São Bento, e términos em Barca de Alva, prosseguindo, após o atravessamento da ponte sobre a foz do rio Águeda, por terras de Espanha, com ligação a Salamanca. Um terceiro elemento são as barragens que, ao mesmo tempo que produzem eletricidade, tentam domar o irregular caudal do rio. Mas é sobre a linha férrea que nos vamos deter um pouco mais.
Rio Douro. Vila Nova de Foz Côa. 2012

Rio Douro. Vila Nova de Foz Côa. 2016

sábado, 28 de maio de 2016

Ponte IP 3

[pst 204] Antes do fim do século XX deverá estar pronto o troço do IP 3, entre Viseu e Vila Real. Obra grandiosa, integrada no plano rodoviário nacional, encontra no atravessamento do Douro a sua maior estrutura de engenharia. Ao contrário das estradas antigas, lentas e cheias de curvas, adaptadas ao solo acidentado, a nova via rápida passa o Douro a uma cota elevada, originando grandes movimentos de terras nos vales recortados, seus afluentes.

Ponte, IP 3 — Peso da Régua. 27 de janeiro de 1996

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Casa das Memórias

[viseu 07] A exposição na Casa das Memórias é substancialmente diferente daquela que é apresentada no Museu Almeida Moreira. Aqui apenas há uma fotografia a preto e branco, que faz a ligação entre as duas exposições. Com a exclusão dessa imagem, todas são feitas a cores, com tecnologia digital, entre os anos de 2010 e 2016. Esta exposição é o resultado de um levantamento fotográfico desenvolvido no âmbito de uma proposta submetida ao concurso Viseu-Terceiro, do qual resultou o Alto Patrocínio ao projeto, por parte da Câmara Municipal de Viseu. O objetivo inicial foi o de captar, pela imagem, o território do município de Viseu, a cidade, as suas aldeias, o espaço rural e os lugares de Natureza. No piso térreo é apresentada a cidade, no piso elevado o mundo rural do concelho de Viseu. No fundo são estas as duas ‘forças’ que dialogam entre si neste território criando aproximações e afastamentos.
Casa das Memórias. Viseu. 2016
 
Viseu. 1996
Viseu. 2010

Ponte — Peso da Régua

[pst 203] Entre 1925 e 1927 devia ser lançada a linha de caminho de ferro entre a Régua e Lamego. O percurso requerido para vencer um desnível de mais de 300 metros era sinuoso, o que o levava a atingir uma extensão de 20 km, contra os 13 km que ligavam as duas cidades por estrada. Várias obras foram feitas e, em 1927, chegaram mesmo a ser descarregados na Régua os carris para o assentamento da via. Duas pontes, uma sobre o Douro e outra sobre o Varosa, estavam concluídas. A primeira vinha mais tarde a ser utilizada para o transito rodoviário, sendo em consequência abandonada a ponte velha, metálica, da era do Fontismo. A segunda serve um ou outro rebanho ocasional, que por ali atravessa o Varosa. Triste destino de um empreendimento que custou tanto dinheiro e tantos esforços.

Ponte — Peso da Régua. 27 de dezembro de 1993

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Arquivo de Memórias, Associação Cultural, Vila Real

[pocinho-côa 2] Fica aqui uma apresentação do Arquivo de Memórias, retirada da página web da própria Associação.

“O Arquivo de Memórias tem por objetivo o registo, o estudo, a divulgação e a defesa do património cultural.

Para esse efeito, procurará fomentar a recolha e o arquivo de formas e expressões do património cultural, no sentido de o estudar, preservar e divulgar, bem como dinamizar a discussão da sua temática.
Art.2º dos Estatutos da associação ARQUIVO DE MEMÓRIAS
Só se pode olhar o futuro com o contributo e interpretação do passado. Essa interpretação pode ter vários filtros e ser valorizada de várias formas, segundo várias perspetivas. A nossa forma de ver a questão não deveria ter nada de saudosista, se bem que às vezes o possamos ser um pouco. Afirmamo-nos conservacionistas (não conservadores), preservacionistas sem aceitar a estagnação e progressistas no sentido de que nos servimos do passado para construir o futuro.

Se somos arquivo, também queremos ser nascente de algo que cresça. Se a recolha e preservação de uma música ou agrupamento tradicional pode não ser mais que saudosismo, a verdade é que daí pode surgir a vontade que se reaviva ou progrida. A defesa de património tem que significar o valor que tem que passar dele para o presente e futuro, sobretudo quando está ameaçado… A reunião de construtores de instrumentos musicais significa o enaltecimento de um património que já foi algo que não é agora, mas que tem necessariamente que persistir.”

https://arquivodememoriasvr.wordpress.com/#

Estação ferroviária do Côa. Vila Nova de Foz Côa. 1997

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Falhar

[viseu 06] Na altura do ciclo de exposições do Portugal - o Sabor da Terra, não fotografei nenhuma das exposições. Hoje não tenho fotografias dessa iniciativa, dessas imagens montadas nas salas de exposição. Na altura parecia-me redundante fotografar fotografias. Hoje não deixo de reconhecer arrependimento por não o ter feito. Seduz-me cada vez mais, justamente, os estranhos caminhos a que nos podem conduzir as fotografias de fotografias. Num aparente fechamento de um labor sobre si próprio, há portas singulares, únicas, que se abrem. Coragem é necessária para as seguir.
Viseu. 2015

terça-feira, 24 de maio de 2016

Penedo Durão

[pst 202] O Penedo Durão é uma das referências geográficas chave do itinerário do Douro. Conformando a fronteira entre os dois países ibéricos, inflete aqui a sua linearidade. O declive acentuado deste Douro Internacional permitiu a construção de cinco barragens, para produção de energia elétrica.

Penedo Durão — Poiares. Freixo de Espada à Cinta.  29 de dezembro de 1993

Viajar pelo Douro com o Arquivo de Memórias

[pocinho-côa 1] No passado dia 30 de abril, fui convidado pelo Arquivo de Memórias, associação cultural de Vila Real, para dizer algumas palavras durante uma visita ao vale do Douro e ao Museu do Côa. Percorremos troço ferroviário, hoje desativado, entre as estações do Pocinho e do Côa. Foram 10 quilómetros de caminhada por uma paisagem que impressiona, que não pode deixar de nos sensibilizar para uma realidade complexa que se joga naquela via férrea e que põe em relação uma paisagem que é, do ponto de vista geológico, coberto vegetal e povoamento humano, muito significativa. Depois há comboios que se abandonaram, há um território cada vez mais desertificado, mas há também uma paisagem vinícola única no mundo
Ponte sobre a foz do rio Côa. Vila Nova de Foz Côa. 1996

Sabor da terra

[viseu 05] A cidade de Viseu domina um vasto território. São as paisagens fascinantes de uma “geografia” dura, de solos trabalhados ao longo das gerações que na terra procuraram o sustento e o desejo de permanência. Há espaços de natureza que desafiam a vulgaridade, que o dealbar de humanidade e de uma capacidade de interpretação, primeiros passos de linguagem, poderão ter interpretado como sagrados, obra de deuses, de entidades celestes ou telúricas que nos poderiam conferir proteção num mundo de incontáveis perigos. Talvez as primeiras sociedades do neolítico se estruturassem em torno destes pontos que se definiam como descontinuidades nas paisagens percorridas na procura de terras sempre melhores, mais prósperas.
Estas fotografias são feitas em torno desse mais sólido chão de Viseu, no ano de 1996. São imagens colhidas no âmbito do projeto Portugal - O Sabor da Terra, comissariado pelo Pavilhão de Portugal na Expo’98, com Simonetta Luz Afonso, e posteriormente editado em parceria com o Círculo de Leitores. A obra tem texto de José Mattoso e Suzanne Daveau, e ainda o apoio de diversos colaboradores. Esta exposição é, também, uma revisitação do espírito do conjunto dessas 14 exposições simultâneas que na altura foram mostradas em 14 espaços diferentes por todo o país, com exclusão das ilhas atlânticas. Uma dos conjuntos de fotografias, relativos à Beira Alta, foi mostrado bem perto deste Museu Almeida Moreira, no Museu Grão Vasco.
 
 
Museu Almeida Moreira. Viseu. 2016

Museu Almeida Moreira. Viseu. 2016
Viseu. 1996

Viseu. 1996

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Duração e continuidade

[viseu 03] Ao fim de 33 dias de trabalho de campo na área geográfica do município de Viseu, que decorreram entre inverno e o início do verão de 2015, foram percorridos 1.800 quilómetros, visitadas 240 povoações, 160 outros lugares isolados, todas as ruas da cidade, feitas mais de 55.000 fotografias.

Provas de "contacto" expostas na Casa das Memórias, em Viseu. 2016

Linha ferroviária do Tua

[pst 201] A partir da Linha do Douro foram construídos quatro ramais dirigidos a norte, todos de via reduzida. Ficavam assim ligadas ao Porto as principais cidades transmontanas. Destas quatro linhas, aquela que colocou maiores dificuldades de projeto e construção foi, sem dúvida, a linha do Tua. Vence uma distância de 133 km entre a foz do rio Tua, no Douro, e a cidade de Bragança. O primeiro troço, até Mirandela, ficou concluído em 1886, sempre pelo desfiladeiro do Tua. O segundo troço, entre Mirandela e Bragança, só se terminou em 1 de Dezembro 1905. O primeiro comboio a chegar ao termo da linha é recebido com sinos a rebate, salvas de foguetes, acordes de quatro bandas de música e cinco mil pessoas.

Linha ferroviária do Tua — Tua. Carrazeda de Ansiães.  10 de julho de 1996

domingo, 22 de maio de 2016

Rio Douro — Vilariça

[pst 200] A falha de Vilariça é um comprido acidente geológico que data de cerca de 80 milhões de anos e que corta de sul a norte os distritos da Guarda e Bragança. Há poucos milhões de ano o velho acidente ficou reativado pelo empurrão que a Península Ibérica recebeu da enorme placa africana. Surgiram as serras de Bornes e da Nogueira e abateu o compartimento da Vilariça, onde o Douro penetra e desenha uma tortuosa curva, invulgar no seu traçado. O Vale da Vilariça é uma das áreas mais ricas da Região, das poucas onde a monocultura vinhateira deu lugar a outros cultivos.

Rio Douro — Vilariça. Vila Nova de Foz Côa. 25 de agosto de 1994

sábado, 21 de maio de 2016

Concurso

[viseu 02] No final do ano de 2014 a Câmara Municipal de Viseu lança um concurso público de apoio à criatividade designado por Viseu Terceiro. Este projeto, sobre a cidade é sobre o espaço rural do município, enquadra-se numa proposta submetida a concurso de que resultou o Alto Patrocínio, daquela entidade e o financiamento do trabalho de acordo com o regulamento apresentado. A proposta apresentada foi a de um levantamento fotográfico do concelho, paisagem e formas de povoamento, realização de uma exposição.
 
Edifício da Câmara Municipal. Praça da República. Viseu. 2015
 

Mosteiro de Ferreirim

[pst 199] O Conde de Marialva, quando toma a seu cargo a protecção do mosteiro de Ferreirim, fundado no século XIV, mandou erguer uma torre semelhante à do castelo de Lamego. O mosteiro possuía na altura uma Escola de Humanidades, onde eram lecionadas as disciplinas clássicas: a Gramática, a Retórica e a Dialéctica. Durante os séculos XVII e XVIII o mosteiro sofre várias alterações à sua estrutura arquitetónica. Em 12 de Dezembro de 1954 um violento incêndio destrói parte do seu recheio. Das tábuas de pintura aí existentes apenas uma se salvou. Eram as interpretações de cenas bíblicas, pintadas pelos denominados Mestres de Ferreirim, entre os quais estava Cristovão de Figueiredo. Fora um dos momentos artísticos mais altos da pintura portuguesa quinhentista.

Mosteiro de Ferreirim. Lamego. 19 de agosto de 1996

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Adro

[viseu 01] Quando chegamos ao adro da Sé de Viseu deparamo-nos com um dos mais equilibrados e bem desenhados espaços urbanos históricos de Portugal. A Catedral foi construída sobre um singular conjunto de penedos, como se a sacralidade do lugar estivesse inscrita naquelas formas arredondadas, ciclópicas. Talvez em tempos muito recuados se tenha ali erguido um primeiro templo que, ao longo de sucessivas vagas de povoamento, terá sido transformado, mantendo a sua função primordial. A ocupação humana conferiu ao sítio uma centralidade que polariza um território que vai do rio Douro ao Mondego, da serra do Caramulo à Estrela.
As publicações que se seguem aqui na Cidade Infinita, têm como referência Viseu. São sobre as duas exposições atualmente em exibição nesta cidade, na Casa das Memórias e no Museu Almeida Moreira, sobre a urbe e o espaço rural do concelho, sobre algumas leituras e interpretações deste território, sobre o processo de levantamento fotográfico e apontamentos metodológicos.

Adro da Sé Catedral de Viseu. 2015.02.15

Vale do Corgo


[pst 198] "No Douro, que produz um vinho complexo, um vinho mais feito e mais «fabricado» do que outros, os homens desbravaram o mato, subiram as encostas, aterraram e surribaram. Desfizeram a pedra, fabricaram terra, levantaram muros, construíram milhares de quilómetros de socalcos, serra acima, vale adentro. Quebraram a rocha, cavaram a terra, saltaram os rios, procuraram água e marcaram sítios para viver. Plantaram, enxertaram, podaram as vides, colheram as uvas, pisaram, trasfegaram, transportaram, fizeram o vinho. Conservaram, armazenaram, fizeram lotes, misturaram aguardente, envelheceram e apuraram. E o vinho fez uma região, fez os solares, as quintas e os casebres. Fez os lugares e os cardenhos; as pipas e os rebelos; os ricos e os pobres. Nada de importante, no Douro, é independente do vinho. Nem as igrejas e os mosteiros, que o vinho fez e que fizeram o vinho". (António Barreto — Douro).

Vale do Corgo — Quinta da Ermida, Ermida. Vila Real. 21 de agosto de 1996

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Santuário de Nossa Senhora do Sabroso

[pst 197] O lugar da Senhora do Sabroso está construído numa pequena chã no sopé de um monte pedregoso, em cujo cume são visíveis vestígios de um povoado castrejo. Supõe-se ser aqui a antiga sede da paróquia de Barcos, hoje situada a cerca de 2 km. A capela, de raiz medieva, permanece como centro de um lugar de romaria.

Santuário de Nossa Senhora do Sabroso — Barcos. Tabuaço.  27 de dezembro de 1994

terça-feira, 17 de maio de 2016

Santuário de S. Salvador do Mundo

[pst 196] No local onde o Douro é atravessado por um esporão granítico, formava-se o cachão da Valeira e, até ao século XVIII, aqui terminava a possibilidade de navegar. Este facto limitava muito as explorações vinícolas a montante deste local, uma vez que não havia forma rentável de escoar o vinho aí produzido. A Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro recebe a incumbência de destruir o cachão. A obra vai durar 12 anos e, em fins de 1792, é possível atravessar o local em barco rebelo. Apesar de navegável, mantém-se perigoso. Em 12 de Maio de 1861, Joseph James Forrester foi visitar D. Antónia Adelaide Ferreira à quinta do Vesúvio. De regresso à Régua, ao atravessar o local, os remeiros perdem o controlo da embarcação e esta afunda-se. Morrem dois criados da casa, cujos corpos são encontrados mais tarde perto da Régua. Do barão de Forrester não voltou a haver notícias, nunca mais foi encontrado. Era engolido pelas águas do rio um homem que lhe dedicara a vida, que muito contribuíra para o seu desenvolvimento. A barragem da Valeira submergiu o fatídico local. No alto do monte está o santuário de S. Salvador do Mundo.

Santuário de S. Salvador do Mundo. S. João da Pesqueira.  23 de agosto de 1994

domingo, 15 de maio de 2016

Igreja de S. Pedro das Águias

[pst 195] No eremitério beneditino de S. Pedro das Águias, por um lado impressiona o lugar, o apertado vale do rio Távora, por outro a implantação da igreja. Está muito próxima de um maciço rochoso, para onde volta um notável portal, ornamentado por figuras de animais e outros elementos característicos do século XII, data da sua construção. Não é possível vê-lo de longe. Como se ao construtor não importasse o efeito decorativo nem a expressão plástica, mas tão só a impregnação do sagrado.

Igreja de S. Pedro das Águias — Granjinha. Tabuaço.  5 de julho de 1996

sábado, 14 de maio de 2016

Capela de Balsemão

[pst 194] Teve numerosas alterações à sua arquitetura. A face que hoje mostra, é do século XVIII. No entanto, a planta em cruz grega, que se deixa anunciar do exterior, malgrado os acrescentos volumétricos, remete-nos para outra dimensão temporal. A capela de Balsemão é um templo moçárabe do século X, conforme se pode observar pela decoração arcaica, fitomórfica, existente no seu interior. É um dos raros edifícios da arquitetura protomedieval do território português.

Capela de Balsemão. Lamego. 19 de agosto de 1994

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Fonte Romana — Vila Flor

[pst 193] O rei D. Dinis, quando se dirigia para a raia mirandesa, onde ia esperar a noiva, Isabel de Aragão, passou à Póvoa de Além Sabor. Encantado com a formosura do local, chamou-lhe Vila Flor e, pouco depois, em 1286, concedia-lhe Foral.

Fonte Romana — Vila Flor. 9 de julho de 1996


quinta-feira, 12 de maio de 2016

Anta de Zedes

[pst 192] A anta de Zedes é conhecida na região como Casa da Moura. Na face interior de três dos seus esteios foram encontrados vestígios de pinturas, representações simbólicas feitas a vermelho. É o megalitismo na terra duriense.

Anta de Zedes. Carrazeda de Ansiães. 9 de julho de 1996

domingo, 8 de maio de 2016

Forca — Freixiel

[pst 191] Situada num picoto nas imediações da aldeia do Freixiel, é a memória de tempos não muito distantes. Lugar de execuções, a singular e perturbadora forca, emblema de uma justiça implacável.

Forca — Freixiel. Vila Flor. 9 de julho de 1996

sábado, 7 de maio de 2016

Sítio arqueológico da Fonte do Milho

[pst 190] Hoje é uma espécie de ilha rodeada por um mar de vinha. No tempo da sua fundação, provavelmente no século I, seria certamente diferente, se bem que os Romanos já explorassem a vinha. A villa romana fortificada, localizada no lugar da Fonte do Milho, deverá ter tido uma ocupação ao longo de vários séculos, pelo menos até à queda do Império Romano do Ocidente. Há muito que não é habitada e uma vegetação densa, quase impenetrável, tomou o sítio.

Sítio arqueológico da Fonte do Milho — Poiares. Peso da Régua.  21 de agosto de 1996

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Cemitério — Castelo de Numão

[pst 189] Na Carta de Foral concedida a Vila Velha de Numão, em 1130, é feita referência à vinha e à cevada, como sendo duas culturas importantes da região. Durante o século XVII, as competências jurídico-administrativas passam para Freixo de Numão, talvez devido a um progressivo abandono do local. No interior da muralha existem numerosos vestígios de antigas construções. Junto à porta sul, o atual cemitério da aldeia aproveita parte de uma antiga igreja românica para conformar os seus limites. Os homens passaram; a sua marca demora séculos a apagar-se.

Cemitério — Castelo de Numão. Vila Nova Foz de Côa.  28 de dezembro de 1993



terça-feira, 3 de maio de 2016

Calçada de Alpajares

[pst 188] Quando , já próximo do termo da terra duriense, nos dirigimos de Barca de Alva para o Freixo de Espada à Cinta, ao passarmos a ribeira do Mosteiro, viramos à esquerda e seguimos por uma estrada de tom rosado. Entramos como que num mundo diferente. A ribeira escava um vale profundo, de xisto revolto. Para atravessar este mundo de caos foi, em tempos recuados, construída a Calçada de Alpajares, obra do Diabo, nos dizeres do povo.

Calçada de Alpajares — Poiares. Freixo de Espada à Cinta. 13 de abril de 1995

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Castelo Melhor

[pst 187] A aldeia de Castelo Melhor situa-se na base de um morro em cuja cumeeira se ergue hoje, quase imperceptível, um castelo. A planta é arredondada, de pequenas dimensões, e as suas muralhas são de xisto. No interior estão oliveiras e semeado um ou outro campo de cereal. Do perímetro fortificado vêem-se, em grande extensão, oliveiras e amendoeiras, alinhadas na movimentação suave das terras do xisto.

Castelo de Castelo Melhor. Vila Nova de Foz Côa. 28 de dezembro de 1993

domingo, 1 de maio de 2016

Rio Douro — Lagoaça

[pst 186] De Barca de Alva para montante, a paisagem altera-se progressivamente. De um vale profundamente humanizado, da terra quente, vinhateira, deparamos com um espaço inóspito e agreste. É agora o Douro do granito, dos profundos declives, da dimensão grandiosa e intemporal de uma terra que já não tem a escala humana.

Rio Douro — Lagoaça. Freixo de Espada à Cinta. 16 de maio de 1996