terça-feira, 17 de março de 2015

Conduzir ao vazio

[arquivar 14] Depois, para acentuar essa vertigem, há as fotografias de fotografias, o fotografar o próprio arquivo, como se ele passasse a ser um objeto do fotografar como outro qualquer, como um pedaço de paisagem, um edifício, um penedo polido, uma raiz. Mas não é. Há um acentuar da procura do belo dentro de uma progressiva abstração, mas há, sobretudo, o fotografar um território irrepetível, algo a que mais ninguém tem acesso. Entramos numa espécie de gruta do Ali Babá, cujo único tesouro é a abertura de portas para mundos, eventualmente, novos, para o sentimento de caminhar num território imensamente sedutor, mas progressivamente vazio. Há, também, a experiência de uma liberdade enorme, conferida pelos nossos passos sobre a terra. Havia, talvez, a noção de que tanto fotografar, tantas fotografias, poderia conduzir a um enorme vazio.


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