[Linha do Tua 08] Pelo seu contexto geográfico, os quilómetros iniciais da linha do Tua são os mais impressionante de todo o percurso. O rio cavou um sulco profundo na área planáltica que atravessa quando se aproxima do rio Douro. A sucessão de túneis que a linha percorre é um indício de quão íngremes são as arribas que se precipitam sobre o rio que corre a uma cota significativamente mais baixa. Praticamente não são visíveis da linha marcas de povoamento humano, excepto pequenas parcelas agrícolas onde domina a oliveira. Estamos em pleno coração do Douro Vinhateiro. No vale do rio Douro, para montante do Pinhão, a paisagem torna-se progressivamente rarefeita de povoamento e é dominada por extensas áreas de vinha plantada, em declives por vezes fortemente acentuados. Mas existem também áreas de mato ou os mortórios – antigos vinhedos que foram abandonados e que, hoje, nos falam de um dos momentos mais negros da história da cultura da vinha neste vale profundo. A linha ferroviária do Douro atravessa este cenário dominado por um clima ameno no Inverno, se comparado com as terras a cotas mais elevadas das serras que envolvem o vale, e por Verões muito quentes. É este clima vincado e a natureza do solo que dão origem a um dos mais afamados vinhos portugueses. O encontro do rio Tua com o Douro dá-se neste contexto geográfico. A foz do tributário do Douro é marcada por uma ponte ferroviária metálica e, na margem oposta, vemos a Quinta dos Aciprestes, cuja origem remonta ao século xviii e resulta da integração sucessiva de quintas limítrofes. Este lugar sintetiza alguns dos elementos-chave da paisagem do Douro: um vale povoado por quintas, uma linha ferroviária e uma porta de acesso a um território enigmático, o vale do rio Tua.
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Vale e linha do Tua, a partir da ponte rodoviária sobre a sua foz. 1997 |
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Vale do rio Tua, próximo da sua foz. 1996 |
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Escarpa rochosa aberta na construção da linha do Tua. 2008 |
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