sábado, 10 de agosto de 2013

Diálogo futuro próximo

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2011
[a torre 27] A Biblioteca estabelece hoje um diálogo com o futuro. É neste futuro próximo que se joga o futuro do livro, da sua existência como suporte de papel e que há já cerca de vinte anos é dado como condenado e substituído por outros suportes digitais. O livro tem resistido a todas as profecias que lhe ditam o fim e, ao invés, assistimos a um número de livro publicados anualmente cada vez maior, talvez com um decréscimo neste tempo mais recente, e contingente, em que a crise económica diminuiu generalizadamente os consumos de todo o tipo de bens. A palavra, a linguagem escrita e verbal, não está em causa, mas o futuro da forma como ela é materializada é uma incógnita. Cada vez surgem mais suportes onde ela pode ser lida, todos ele de base digital. Em ultima instância o que está em causa é mesmo a forma de comunicar entre os humanos, já não se tratará apenas de uma questão material, mas de uma relação cada vez mais estreita entre o homem e a máquina, que acaba por ser uma forma diferente de nos relacionarmos com o tempo, com uma tradicional noção de tempo continuo, mas sobretudo com o espaço e com as suas representações virtuais, em num dado momento parece estarmos em vários lugares do mundo, ou mesmo em todos e, simultaneamente, em lugar nenhum. Habitamos uma reinvenção da espaço-tempo que nos é proporcionada pelos novos suportes da palavra impressa e por uma língua que se torna a língua franca, em que todos os cidadãos em frente a um computador parecem partilhar um nível de comunicação antes nunca alcançado. Mais do que uma relação com um suporte para a palavra impressa, estamos no centro do turbilhão da comunicação entre seres e comunidades. A Biblioteca, através de várias ferramentas, como a Biblioteca Digital, e a disponibilização de um crescente número de obras na Rede, acompanha a contemporaneidade deste movimento imparável. A grande casa do livro manter-se-à como o fiel depositário da cultura materializada em livro, ao mesmo tempo que trabalha as mais recentes ferramentas de divulgação e partilha da língua portuguesa, casa imaginaria de mais de duzentos milhões de falantes em todo o mundo. Esta foi a última publicação relativa à Torre, obra de ampliação da Torre de Depósitos da Biblioteca Nacional de Portugal.
Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2011

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