No meio de tantos discursos catrastofistas, creio que o papel da fotografia não está posto em causa, não se vislumbra o seu fim. O livro já foi várias vezes dado como condenado a um desaparecimento breve, suplantado por dispositivos eletrónicos, mas o que aconteceu foi o contrário: uma procura crescente desse suporte. A fotografia não só revolucionou a leitura que fazemos do mundo envolvente, condicionando muitos outros fazeres, como a pintura e a gravura, como originou algo de absolutamente novo ao seu tempo: a criação de uma realidade autónoma que emanava das imagens. Houve um universo de pessoas, acontecimentos, lugares, que passaram a ser observados de forma intermediada. A fotografia cria uma realidade própria que se desvincula daquilo que ela representa. Tal como a cidade que se desenvolve definitivamente a partir da Revolução Industrial, a fotografia, durante esse período, torna o nosso mundo progressivamente mais complexo. Este processo ainda não terminou e o advento da imagem digital reafirma inequivocamente o poder da imagem fotográfica, na sociedade contemporânea.
Fotografar um território vasto. Procurar em Portugal as raízes de uma identidade coletiva que se perde num tempo longo. Construir um arquivo fotográfico. Reinventar uma paisagem humana, uma ideia de arquitetura, uma cidade nova.
quarta-feira, 29 de maio de 2013
A imortalidade
[Entrevista JEF 06] José Eduardo Franco: Tem procurado afirmar a fotografia como uma forma privilegiada de criação, mas também de intervenção e de reflexão intelectual. Entende que a fotografia sobreviverá nesta nossa era de crescente de tecnicização do Cosmos, em que se desenvolve e se democratiza uma tecnologia que permite obter e disponibilizar momentaneamente registos de imagem animadas e híper-animadas? Qual o futuro e o lugar a fotografia no universo das artes e das ciências humanas?
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