Na investigação histórica tem que haver a preocupação do estudo de todos os documentos conhecidos de um determinado tema, pois a falta de um único, pode inviabilizar a tese em defesa.
O conhecimento do território, objecto, por exemplo, de um levantamento fotográfico, tem que se reger pelo mesmo princípio: varrer toda uma área, mais ou menos extensa, onde poderão estar ocultos pormenores significativos dessa paisagem. Um trabalho de registo fotográfico, dependendo dos seus pressupostos iniciais, deve partir de uma investigação cartográfica, iconográfica, particularmente de fotografias aéreas, e também bibliográfica. Depois, em campo, deparamo-nos com o maior fascínio, e simultaneamente a maior angústia, de um trabalho de fotografia documental: o que vamos fotografar e o que vamos deixar de registar, consciente ou inconscientemente.
Voltamos a encontrar o paralelismo com a pesquisa documental, onde um documento nos remete para outros, num processo que pode não mais ter fim, um labirinto que seduz e perturba. No campo também há que saber seleccionar o que fotografar. Se, aparentemente, observamos uma realidade relativamente estática e finita, que depende da extensão do território em estudo, cedo nos apercebemos de uma perturbadora dimensão temporal. Tudo está em permanente movimento e transformação. É então que se jogam as opções do trilho a seguir, na exploração da luz conveniente, no habitar de um momento efémero, repentino e vago. Sabemos que tudo vai estar diferente, por vezes no lapso de alguns segundos. Momentos que se encontram e que se perdem, metáfora de uma vida humana, num jogo subtil, sublime.
Serra da Estrela. 1996 |
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