[pst 421] Como em Coruche, e em muitos povoados ribatejanos, a praça de touros constitui um lugar polarizador do terreiro da feira. Miguel Torga, em Portugal, escrevia: "O Ribatejo deve ser visto das Portas do Sol de Santarém, num dia de cheia, ou das bancadas de uma praça de touros, numa tarde de verão. Num dia de cheia, porque o Tejo hipertrofiado marca-lhe exactamente a extensão e os contornos que a geografia nunca encontrou; numa tarde de toiros, porque é no redondel que se precisa a sua íntima significação".
420. Praça de Touros — Coruche. 1 de agosto de 1996 |
O definhamento do interior de Portugal tem, entre outras consequências, a incompreensão dos valores que sustentam o universo tauromáquico. Podia-se discutir o modelo, os rituais, os desiquilibrios que entretanto surgiram com a emergência de outros valores éticos. O que não tem discussão é a nossa identidade cultural, a nossa coragem, o nosso arrojo, a nossa história aprisionada num limbo de proselitista. Há uma ruralidade envergonhada nas cidades e subúrbios, há uma facção cultural que se tenta sublimar através de um cerco aniquilador aos valores tradicionais. Juntas empurraram Portugal para uma massa de gente indistinta, sem amor próprio, sem identidade, sem coragem.
ResponderEliminarCorreção: "limbo proselitista"
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