[cidade efémera 1] As palavras que se vão seguir partem de um facto concreto, a destruição de uma horta urbana, em Viseu, para algumas reflexões sobre a própria cidade, sobre cidadania.
Os arquitetos Luís Pedro Seixas e Nuno Vasconcelos, desenharam uma horta, Jardim Alimentar, para ser implantada no espaço do antigo Mercado 2 de Maio, no coração da cidade de Viseu. A iniciativa estava enquadrada nos Jardins Efémeros, uma criação de Sandra Oliveira.
O projeto utilizou paletes em madeira para definir um espaço que não albergava apenas mais de 20 espécies hortícolas — como manjericão, salsa, várias diferentes alfaces, cebola, courgettes, abóbora, beterraba, etc — como criava um recinto de estar, com várias dezenas de lugares para quem quisesse se sentar. A peça, de desenho cuidado e muito bem articulado com a envolvente, dialogava com as árvores da praça, que ensombravam um parte daquela área. De algum modo esta horta também evocava a própria memória daquele espaço, um antigo mercado, há décadas reconvertido em espaço de lazer. Era o regresso dos produtos hortícolas a um lugar que fora nevrálgico dentro da cidade como ponto de encontro de toda uma comunidade. Era assim com todas as vilas e cidades portuguesas até as dinâmicas evolutivas do comércio assumirem outras formas.
O desenvolvimento e implementação deste projeto estava articulado com várias escolas do ensino básico do município. As crianças eram levadas ao local e estimuladas a cuidar da horta, a conhecerem as suas espécies e a relacionarem o que ali viam com alguns dos mais saudáveis alimentos de que podemos dispor no nosso quotidiano.
(Mais informação em: http://jardinsefemeros.pt/en/eventos/o-meu-corpo-e-o-meu-jardim/).
(Continua…)
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Jardim Alimentar, Mercado 2 de Maio, Viseu. 2018 (Fotografia de Cristina Nogueira)
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Jardim Alimentar, Mercado 2 de Maio, Viseu. 2018 (Fotografia de Cristina Nogueira)
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Jardim Alimentar, Mercado 2 de Maio, Viseu. 2018 (Fotografia de Cristina Nogueira)
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