[cidade efémera 4] Decorrente do trabalho que tenho desenvolvido sobre o mapeamento do espaço português, já percorri e fotografei todas as cidades do nosso país. Não tenho dúvidas em afirmar que Viseu é a mais bem estruturada cidade de Portugal, em termos da sua malha urbana e fluidez de tráfego. São também relativamente reduzidas as formas mais agressivas de um urbanismo descontrolado como vemos em tantas outras urbes. O centro histórico, sem deixar de ter alguns problemas, está relativamente preservado. Viseu tem um potencial muito positivo como exemplo de boas práticas, de relação entre a própria malha urbana e a ruralidade que a envolve. Este projeto da horta levantava essa questão de forma muito clara. Era a criatividade de quem acredita na sua cidade, de quem nela vive, que procura construir esse percurso alternativo que não passa por ações de marketing esvaziadas de conteúdo. Os Jardins Efémeros, dentro dos quais esta iniciativa se enquadrava, são um espaço de diferença, irreverência e inovação. São, todos os anos, um contributo muito significativo para uma cidade nova, de que faz parte a Natureza, seja na forma perplexa da sua pujança evolutiva, seja na miríade de afeiçoamentos que a humanidade, à escala planetária, com ela tem dialogado desde os primeiros passos de um processo de uns poucos milhões de anos. Se há uma ruralidade em declínio, gestos simples, economicamente acessíveis, podem criar uma nova sensibilidade para as questões que gravitam em torno da sustentabilidade dos territórios. Que a destruição de uma horta não seja o prenúncio de uma cidade efémera. (Fim da série Cidade Efémera)
Mercado 2 de Maio, Viseu. 2010 |
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