segunda-feira, 12 de maio de 2014

Entrar em Bragança

A chegada à cidade grande de Trás-os-Montes representava o fim de um percurso rural e a entrada na civilização. Antes da construção da linha-férrea a viagem do Porto a Bragança fazia-se em cerca de dois dias de viagem, se a meteorologia assim o permitisse, e com condições de segurança precárias, num território muitas vezes inóspito e sujeito a emboscadas de criminosos. Com a construção do caminho-de-ferro, essa duração passa a pouco mais que meia dúzia de horas. Os comboios a vapor adicionaram a uma paisagem arcaica e profundamente isolada uma nova velocidade e a marca do progresso tecnológico. As principais cidades do território de Portugal Continental, na época ainda centro de um vasto império colonial, estavam finalmente ligadas com a velocidade, a segurança e o conforto do transporte ferroviário. Hoje, mais do que em qualquer momento do passado recente, a Linha do Tua confronta-se com o seu fim. A obra da barragem de Foz Tua vai submergir o seu troço mais notável e que lhe confere sentido.
Linha do Tua. Bragança. 2009. (Todas as fotografias)




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