Este itinerário tem início na Linha do Douro, na estação do Tua. Após um curto trajeto, o comboio faz uma curva apertada, para a direita, e entra no vale do rio Tua, que deu o nome à linha ferroviária. O comboio entrava num desfiladeiro extremamente cavado, naquela que foi uma obra notável da engenharia do final do século xix português, afirmação positiva de uma nação num momento em que o Ultimatum inglês fazia tremer a sua identidade. O comboio seguia viagem, numa linha sinuosa, através de uma paisagem grandiosa, até Mirandela, o ponto médio da sua construção e coração da Terra Quente Transmontana. À medida que subia até Santa Comba de Rossas, o ponto mais alto da Linha do Tua, a pendente da linha tornava-se mais acentuada. O comboio atravessava uma paisagem de carácter rural, imagem de uma relação de proximidade e compromisso com a própria Natureza. Por entre castanheiros de grande porte, nas faldas da serra Nogueira, acentuava-se ainda mais o carácter telúrico da viagem. Depois subir continuamente ao longo de 110 quilómetros – desde a estação do Tua, no Douro, a cerca de 80 metros de altitude, até Santa Comba de Rossas, a 849 metros de altitude –, o comboio iniciava a descida para Bragança, 23 quilómetros a norte.
Linha do Tua. 2008. (Todas as fotografias). |
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