domingo, 22 de janeiro de 2012

Distanciar. O Núcleo da Claridade #7

Diabo. Figura de barro adquirida por Ruy Belo.

Com o passar do tempo, mas também com as memórias e com a relação que estabelecem entre si e com o tempo presente, tudo parece tornar-se progressivamente mais complexo. Olho para essas fotografias, editadas há dez anos, e questiono tudo o que na altura não fotografei e que agora já não me é acessível. Fotografava vários elementos, de diferente natureza sob diversos ângulos, na procura de uma imagem que melhor comunicasse aquilo que pretendia transmitir e que nem sempre me é muito claro no momento da captura da fotografia, pois esta, no momento imediato ao seu disparo, afasta-se do fotografado e cria ela própria, pelo nosso olhar, uma linguagem e uma condição próprias. Este é um dos aspectos mais sedutores de uma fotografia documental: se, por um lado, é convocado o momento do que ficou registado, por outro, esse próprio registo vai condicionar a imagem que tínhamos do passado e criar uma memória mais complexa do que a simples vivência de um facto.

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