[velocidade_utopia-1/9] Percorremos as ruas de uma qualquer cidade portuguesa. Há edifícios de várias épocas históricas. Fazemos fotografias do espaço e do tempo. Não é fácil interpretar a realidade. Há evidentes contradições, paradoxos espaciais. É importante, creio, alhearmo-nos de juízos de valor, de qualificações, de procurar adjetivos que façam distinções supérfluas sobre as arquiteturas. Do solo emana a permanência. Há um desenho urbano que fica desde a origem da cidade. Os edifícios vão sendo intervencionados, abandonados, derruídos, reconstruídos, mas no solo permanece o vazio das linhas de comunicação que uniam todas as construções. Na descodificação dessas linhas, tão difíceis de interpretar pela fotografia, está a ponte que nos liga a um passado muito recuado. Aí fica a maior singularidade das cidades, a sua marca identitária, o aconchego de humanidade a uma topografia pré-existente. É o princípio da utopia.
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