terça-feira, 9 de abril de 2019

Processo

[exp_fuga 18] Não houve, até tempos recentes, de modo consciente, a pretensão de construir um corpo de trabalho uno e coerente ao longo de todos os anos representados nesta exposição. O encontro com essa possibilidade resulta de um olhar sobre o passado, desde as primeiras e insipientes fotografias, ou mesmo os desenhos, antes das fotografias.
Há um arquivo extenso a que se regressa com regularidade; há o desejo de síntese e organização de todo esse arquivo, este será o primeiro encontro com as quase ilimitadas possibilidades de o trabalhar, de estabelecer relações topológicas entre imagens feitas no passado, de as articular com textos, do mais variado teor, de produzir novas fotografias para a articulação de novos discursos e narrativas. Há vários elementos construídos, organizados individualmente, que vão integrar um caudal de informação a que constantemente, por agregação, se vão juntando outros elementos. Surgem os primeiros desenhos do que poderá ser a exposição. Estes vão sendo trabalhados ao longo do tempo. Os elementos que geram a estrutura da exposição são o diagrama-síntese do trabalho e uma linha de tempo desde a primeira fotografia, em 1982, até à atualidade. Há, depois, a seleção de todos os elementos que vão integrar a exposição. A par da edição dos textos, há a edição de fotografias e a colheita de novas imagens sobretudo de objetos ligados à passagem do tempo e às metodologias de trabalho. Codificação de todo o esquema, definição e localização, no contexto da exposição, das unidades de significação. Montagem de fotografias múltiplas, conjuntos de imagens por cada página A4, que constitui a base de toda a mostra. Há medida que se vai tornando clara a disposição das imagens, há um estímulo progressivo para a escrita de textos novos. É um processo contínuo em que os vários elementos da exposição, como que em diálogo, constantemente geram novos pontos de vista, num dinamismo exponencial, movimento a que parece ser difícil pôr termo. É a luta perdida para parar o tempo, é o vento na face no topo de uma montanha, é o olhar a paisagem em redor, optar por um caminho. Continuar.


Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

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