quarta-feira, 24 de abril de 2019

Encontrar o universo

[exp_fuga 25] Integração no cosmos, na compreensão, assim, do infinito e, a partir dessa imagem síntese, procurar unidades de cada vez mais simples. Depurar, decantar o olhar, pensamento. É como se, deste modo, pudéssemos compreender tudo, o enquadramento na vastíssima realidade espacio-temporal da nossa vida, de quem nos antecedeu. Talvez também uma leitura da espécie a que pertencemos e de como nos antecipámos e nos diferenciámos dos demais animais com que coabitámos e coabitamos este planeta. Casa comum. Eclosão da vida, corpo composto por múltiplas células, o nível molecular, os órgãos a interagir entre si, o modo como diferentes formas se unem para constituir unidades de funcionamento, de significação, de existência. Aqui se repete a proximidade ao infinito, mínimo, que encontramos no universo. Depois, vislumbrar todo o tempo na direção do passado até à origem do Universo, ao ponto de princípio da energia, do tempo, do espaço e da matéria.
[Esta é a última publicação da série FUGA]

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

domingo, 21 de abril de 2019

Saturação

[exp_fuga 24] Há a procura de um ponto de saturação da imagem, para daí partir para a representação de um universo. As fotografias são unidades de sentido, como palavras, células, daí a necessidade de uma grande quantidade de imagens para a fuga a um conceito de imagem-objeto. Imagem é, aqui, visão e representação, horizonte aberto e estratégia planeada de sobrevivência. O itinerário proposto, a rede desenhada com a “totalidade” das fotografias, é uma metáfora do Universo, de tudo quanto existe, da energia, do tempo, do espaço e da matéria. É no jogo das relações topológicas de um oceano de palavras e imagens que se poderão entretecer visões de um futuro próximo.

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Longa Viagem

[exp_fuga 23] Uma longa viagem. Cada um destes passos é o equacionar de novos caminhos evolutivos e possibilidades, em abstrato, da continuação deste interminável labor. Esta é a síntese de uma grande caminhada até ao presente, ponto de reflexão e apontamentos para o futuro próximo. Talvez o objetivo derradeiro desta expressão seja a construção de um “texto-mundo”, síntese de todo um entendimento da vida. Partilhar esse texto quase como um pequeno poema. Continuar, até ao fim deste tempo próprio, a procura do significado da condição de estar vivo, do universo, do infinito vertido em palavra. Sabemos que caminhamos num limiar de ausência de sentido. E este pode ser o ilusório jogo da representação como realidade. Vida em fuga.

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

domingo, 14 de abril de 2019

Sedimentos sobre sedimentos

[exp_fuga 22] Há questões que se podem equacionar, decorrentes desta deambulação pelas paisagens humanas. O que é a arquitetura? Como se constrói um “lugar”, com que imagens e projetos? Com que palavras? Esta exposição não responderá a estas questões mas propõe um modo de fazer. É a leitura do processo entre o caminhar e o desenvolvimento de projetos de comunicação, a experiência da terra, ao mesmo tempo que se procura a imagem de um país. A representação sistemática e continuada de um espaço pela fotografia dá origem a um mapa que se afasta, progressivamente, do território que começou por representar. Sedimentos sobre sedimentos. Erosão. Uma realidade espetral parece emergir de um arquivo já não apenas de imagens, mas igualmente de uma teia de desenhos e palavras que edificam uma arquitetura singular. Aí percorremos as ruas de uma cidade imaginária cujos contornos configuram um espaço que conquista a sua própria verdade. Há uma linha de tempo e o espaço é uma linha de vida.

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Cidades, vilas, aldeias, lugares

[exp_fuga 21] Portugal. Começámos por procurar um país com o desejo de o representar. Construímos um corpo de informação que reúne mais de 30 anos de viagens, 750.000 quilómetros percorridos, mais de 1.650.000 fotografias. São todas as cidades, todas as vilas, inúmeras aldeias e paisagens pouco povoadas, da orla marítima, das margens dos rios ao topo das montanhas. Encontramos em Portugal um território de uma grande diversidade, com diferentes modos de expressar a terra, desde tempos imemoriais até ao presente. As formas de mostrar este trabalho são um desafio constante e esta exposição enquadra mais uma tentativa, sempre mais completa, eventualmente mais complexa, que a anterior.

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Contexto

[exp_fuga 20] Este é um trabalho feito com recursos relativamente limitados. Um número significativo de trabalhos é desenvolvido a partir de projetos apresentados a entidades e financiados no todo ou em parte, mas sempre com orçamentos restritivos. As metodologias de trabalho, nomeadamente de campo, estão explícitas na própria exposição. A maior parte dos dias de trabalho implica a pernoita em campo aberto, sendo pouco habitual o recurso a pensões ou hotéis. Daqui resultam os dias extensos de trabalho, de sol a sol, e uma proximidade grande à terra.

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Antecedentes

[exp_fuga 19] Há um jogo insaciável de diálogo com a realidade, vagamente obsessivo, que se serve da fotografia como fixação de um espaço e de um tempo, ao mesmo tempo que se procura um equilíbrio nessa representação talvez situado entre a arte e a poesia. O registo e o documento são também uma poderosa ferramenta de comunicação. Pela sua duração, houve dois projetos-trabalhos, Portugal - O Sabor da Terra (1995-1998) e Portugal Património (2000-2008), que se poderão definir como estruturadores de um percurso de mapeamento de um território vasto. A relação com a paisagem e a arquitetura  foi evoluindo. O projeto O Arquivo como Cidade, já mostrado em três diferentes formas, é a continuidade e a interpretação de viagens que se vão tornando progressivamente mais complexas e indefinidas. Esta é uma representação gráfica que parte, sobretudo, de conferências, de apresentações orais do trabalho de mapeamento fotográfico do espaço português e as metodologias a ele associadas. Parte, também, de um arquivo fotográfico em crescimento, com a constante adição de novas imagens de releituras do tempo que atravessa os lugares. Partir da linha de tempo que sustenta uma interpretação da realidade, edificação de arquitetura desmaterializada, pensamento.

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

terça-feira, 9 de abril de 2019

Processo

[exp_fuga 18] Não houve, até tempos recentes, de modo consciente, a pretensão de construir um corpo de trabalho uno e coerente ao longo de todos os anos representados nesta exposição. O encontro com essa possibilidade resulta de um olhar sobre o passado, desde as primeiras e insipientes fotografias, ou mesmo os desenhos, antes das fotografias.
Há um arquivo extenso a que se regressa com regularidade; há o desejo de síntese e organização de todo esse arquivo, este será o primeiro encontro com as quase ilimitadas possibilidades de o trabalhar, de estabelecer relações topológicas entre imagens feitas no passado, de as articular com textos, do mais variado teor, de produzir novas fotografias para a articulação de novos discursos e narrativas. Há vários elementos construídos, organizados individualmente, que vão integrar um caudal de informação a que constantemente, por agregação, se vão juntando outros elementos. Surgem os primeiros desenhos do que poderá ser a exposição. Estes vão sendo trabalhados ao longo do tempo. Os elementos que geram a estrutura da exposição são o diagrama-síntese do trabalho e uma linha de tempo desde a primeira fotografia, em 1982, até à atualidade. Há, depois, a seleção de todos os elementos que vão integrar a exposição. A par da edição dos textos, há a edição de fotografias e a colheita de novas imagens sobretudo de objetos ligados à passagem do tempo e às metodologias de trabalho. Codificação de todo o esquema, definição e localização, no contexto da exposição, das unidades de significação. Montagem de fotografias múltiplas, conjuntos de imagens por cada página A4, que constitui a base de toda a mostra. Há medida que se vai tornando clara a disposição das imagens, há um estímulo progressivo para a escrita de textos novos. É um processo contínuo em que os vários elementos da exposição, como que em diálogo, constantemente geram novos pontos de vista, num dinamismo exponencial, movimento a que parece ser difícil pôr termo. É a luta perdida para parar o tempo, é o vento na face no topo de uma montanha, é o olhar a paisagem em redor, optar por um caminho. Continuar.


Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Si (Casa 1/1)

[exp_fuga 17] Numa última paragem, ou apenas num lugar de repouso, na pausa da viagem, olhamos para trás, ou para o interior, depois de termos andado fora de nós próprios. Todo o passado aqui contido, desenho de uma linha, uma rede, uma geometria, síntese de existir. Pensamento, ausência de matéria. Depois de tanto caminhar, de tanto produzir, de reunir informação dispersa por lugares longínquos, paramos. Repousamos num lugar de regresso, olhamos ao redor. A Arquitetura é, aqui, a construção de uma casa, que poderá ser um bairro ou uma cidade. É a proposta de uma ordem para o espaço. Interior. O conhecimento das dimensões interiores de cada ser, da sua forma de operar as ferramentas de que dispõe, leituras pessoais de uma condição humana. A primeira e última casa, toda a fragilidade das construções humanas. Num mundo fascinante em permanente mudança, território dos mais devastadores cataclismos, construímos a fragilidade de um lugar, a casa comum, de afastamento a natureza que nos ergueu como espécie. Permanência . Não há permanência que não seja breve. Tudo é construído numa contingência fugaz. Na voracidade da vida, procuramos os sentidos possíveis, mais prováveis, de existência racional.

Exposição/Fotografias: Diagramas, esquemas, formas possíveis de representação de uma totalidade e aproximação à um desenho progressivamente mais evoluído, tendencialmente “último”. Atlas de palavras. Descrição de conceitos. Os grandes temas estruturais desta “viagem”. A unidade mínima a partir da qual tudo irradia. O regresso ao princípio, a energia, espaço, tempo e matéria, fim de um ciclo. O recomeço num ponto mais avançado da viagem de uma sucessão de ciclos que serão continuados por outras gerações de humanos.
Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

domingo, 7 de abril de 2019

Partilhar (Terra 5/5)

[exp_fuga 16] Tocar, envolver, reunir, falar, errar, continuar. Experienciar mundos particulares. Cada momento de comunicação é um ensaio de diferentes soluções. Exposições, edições, palestras, são frentes ativas de um discurso aberto à introdução de novos conteúdos e elementos dinâmicos. Comunicar. Um dos objetivos maiores deste labor é o desenho de um projeto de comunicação em que cada peça é pensada ao detalhe e em articulação com uma teia de elementos diferentes, com uma complexidade diversa, tudo articulado de forma geométrica, sem uma regra que seja, à partida, definida. Voz. É a nossa mais profunda identidade. O timbre de um falar, de uma linguagem, a convergência das múltiplas dimensões de um ser. Dialogar, integrar num mundo próximo. Juntar a um conhecimento vasto e exponencial, que reúne toda a humanidade, todos os tempos da construção de uma condição e de uma civilização. Palavra. É a maior conquista da humanidade, a mais poderosa ferramenta evolutiva e aquela que abre mundos de conhecimento de outro modo inacessíveis. Constrói pensamento e cidades, aprendizagem coletiva, união e fuga. A palavra é o lugar onde converge o pensamento e onde confluem todos os fazeres.

Exposição/Fotografias: Manualidades, molduras, layouts de exposições, desenhos, fotografias de aproximação ao processo de comunicação. A evolução dos modos de expor ao longo do tempo. Permanência e variação.

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

sábado, 6 de abril de 2019

Seriar (Terra 4/5)

[exp_fuga 15] Uma ordem e uma geometria para um mundo pessoal. Pôr ordem, contrariar o movimento para a entropia e para o caos. É o fascinante desafio de desenhar uma cidade e uma ordem social para a liberdade, num brutal consumo de energia, mas é esse exercício que possibilita o desenvolvimento de ferramentas múltiplas para enfrentar um ambiente que muito raramente é favorável. Diálogo entre tempos diferentes. Desmaterializar espaço e tempo para o desenho de uma ordem inusitada, penetrante na fluidez da pedra. Esculpir um rio caudaloso.Arquivar. Guardar a informação para o desenvolvimento de projetos e conhecimento. Alimento e fonte para receber o desconhecido e o conquistar. Jogo de ludibriação da ignorância que nos toma. Ordem. A perfeição sem ter associado qualquer princípio de moral fechada. O passado que é futuro. O arquivo é um mundo de ordem em permanente construção e, nesse sentido, é futuro, domínio de um tempo próximo com um grau de previsibilidade que, de outro modo, não seria possível. Mas tudo é imponderável. Origem. Procuramos, para tudo, quase tudo, um ponto a partir do qual nada mais exista para trás. É a origem do tempo, da nossa existência, do universo. É a seta do tempo explicada. Local de encontro do espaço, tempo, matéria e energia.

Exposição/Fotografias: A exposição é descrição, com textos, do grande arquivo. Fotografias relacionadas com a construção do arquivo. Provas analógicas a secar, pilhas de fotografias, imagens do monitor do computador, discos externos. Quadros do arquivo fotográfico, síntese e total.

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Fazer (Terra 3/5)

[exp_fuga 14] Construir uma identidade no tempo de uma vida. Construir uma Narrativa, linguagem para a descodificação de uma realidade percecionada. Construir é uma inevitabilidade num processo humano de sobrevivência em afastamento à natureza. Há a construção física de uma casa e há o edifício conceptual de um fazer. A Mão é a mais poderosa ferramenta de diálogo com a matéria, a construtora dos seus próprios duplicados, ferramentas para abarcar o universo. Maravilhoso instrumento que nos abre ao conhecimento do infinito. É uma extensão do corpo que deixou de ser o estrito elemento de locomoção. Estamos perante a Materialização do pensamento e do agir. É a construção de um habitat, que pode ser uma casa que nos protege das tempestades, como pode ser um dispositivo conceptual que dá o sentido transitório à existência, num movimento de permanente adição de novos elementos. Continuidade é seguir, sempre, uma linha, com atenção às bifurcações, não temendo o erro. Como com as fontes, o excessivo detalhe e enumeração pode impedir a perceção do todo. Mergulharmos num excessivo desgaste e consumo de energia. Ser um desvio forçado a um caminho de liberdade. Fechar as portas à interpretação poética do mundo.

Exposição/Fotografias: todos os trabalhos significativos em texto, imagem e alguns elementos gráficos. Uma sequência cronológica de atos que revela a construção de um saber e a produção de conhecimento.
Toda a história de um projeto desde a arrumação dos ficheiros no computador até ao produto final. Poderá ser o Portugal - Luz e Sombra
Procurar um país, um projeto que é um trabalho que relaciona todos os outros sobre Portugal.

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Desenhar (Terra 2/5)

[exp_fuga 13] Aprendizagem do mundo pelo conhecimento interior. Depois dos primeiros passos, da conquista de um mundo mínimo, particular e próximo, apreendemos a realidade. Pelo desenho, seja ele real ou em sentido metafórico, tornamos nossa uma realidade que é fundamental para o nosso entendimento do mundo e para a construção das ferramentas operativas que desenvolvemos para o diálogo com ele mesmo. Uma das mais eficazes ferramentas de conhecimento. Pode ser pelo traço sobre o papel branco, pode ser com a forma da fotografia, das fotografias, pode ser pela arquitetura e pela construção do espaço do nosso habitar. É a elementar formas de projetar, de fazer, mesmo de sobreviver, de descobrir. É uma face da liberdade. Interpretar, medir, representar, fazer aproximações sucessivas à densidade, opacidade e transparência, das matérias do entorno. Registar, fixar, guardar em memória-matéria. É como a reserva de alimento para a travessia do inverno. Mas é também uma poderosa ferramenta para a interpretação da realidade. A imagem é aqui a unidade mínima de comunicação, mas também algo de que, de algum modo, desejamos fugir pela sua ilusão que transporta e nos desvia de algo mais essencial. São as peças de uma narrativa para a construção de um olhar e de um diálogo. As imagens são as palavras de um texto extenso, na sua infinidade está a passagem para dimensões que ainda não conhecemos. Capturar e apreender o visível, guardar, arquivar, reserva de “alimento” para o futuro. Liberdade para ensaiar caminhos antes não percorridos, estar disponível para seguir trilhos não imaginados. Admitir o erro e a morte.

Exposição/Fotografias: Desenhar, fotografar. Riscar, registar o universo visível. Fotografias de riscadores e câmaras fotográficas. Descrição dos processos metodológicos para a apreensão do real. Mostrar uma seleção de páginas de caderninhos com desenhos, esquemas, quadros, diagramas e textos.

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Caminhar (Terra 1/5)

[exp_fuga 12] A mais elementar forma de relação com o mundo. O movimento base para o conhecimento. No caminhar, simbólica e objectivamente, está a nossa sobrevivência e a construção de nós próprios, com o leque de competências e ferramentas que se vão definindo ao longo da vida. Há um sentido objetivo e outro metafórico, apreender o universo conhecido, ciência, arte, todos os caminho. O movimento é relação física com o espaço, tempo, energia e matéria. É o partir para o campo aberto, para o ar livre, para a liberdade que nos dispõe a enfrentar todos os perigos que não conhecemos. É a ingenuidade da vontade. Viajar é a inevitável invenção do movimento perpétuo, a impossibilidade de parar como se esta fosse a mais evidente condição de sobrevivência. É uma das consequências da conquista do meio terrestre e de uma liberdade cada vez maior. O Corpo é a mais fascinante máquina que alguma vez poderemos conhecer. O nosso próprio crescimento, ao longo da vida, é a revelação de uma poderosa máquina que todos os dias nos revela as dimensões do ilimitado, do infinito, da construção da vida, de todo um planeta, ao longo de milhões de anos. Toda a evolução da vida na terra condensada no corpo que dialoga com o pensamento por si próprio aberto e condicionado. O espaço e o tempo de toda a humanidade. Ausência como que a desmaterialização de uma condição racional que, em todos os momentos, lê e interpreta a realidade. Viver uma ancestralidade que permanece latente nos nossos genes, na mais funda memória de transportamos dentro de nós e nos transporta para as mais eficazes formas de sobrevivência de que, num dado momento, podemos dispor.
Exposição/Fotografias: Todo o mundo da matéria contemporânea, os elementos da natureza, mas também os artefactos humanos. Poderá haver uma linha de progressiva complexificação dos objetos humanos representados, desde um artefacto em pedra, até um automóvel ou um computador. Câmaras fotográficas ou telemóveis. São todas as matérias e objetos deste fazer. Objetos inusitados, figuras cerâmicas, pedras do Álvaro Duarte de Almeida, livros, objetos de meus pais, Teresa e Ruy Belo; grandes penedos e pequenas pedras na paisagem; automóveis isolados; caixas perdidas; riscadores; fruta.

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

terça-feira, 2 de abril de 2019

Matéria (Universo 4/4)

[exp_fuga 11] Procuramos, continuamente, as formas e os objetos com que nos relacionamos, para desenhos de perfeição aproximada, que nos permitam a transmissão de uma mensagem com o mínimo ruído possível. Os objetos que manuseados para esse labor, deverão ser o espelho do produto final. Mas o produto final é o contínuo caminhar por um mundo novo. A escala de uma dimensão. As dimensões menos óbvias de um fazer, um mundo verdadeiro de trabalho, de pesquisa continuada, de procura de soluções que permitem o fluir de uma mensagem por diferentes meios e canais de comunicação. A própria matéria se transforma em objeto de comunicação que abre portas a novas dimensões do trabalho como um todo e que ajuda ao enriquecimento do seu sentido. São, também, novas relações topológicas que surgem no seio da cidade infinita. Utensílios. O design dos objetos que nos permitem desenvolver uma atividade cada vez mais fina, mais especializada, no sentido da rentabilidade do tempo disponível. Reflexo. Os nossos fazeres espelhados nos objetos que nos rodeiam. A relação com um mundo que nós próprio construímos. Forma. Matéria e matérias criadas por outros, em diálogo permanente com a própria natureza de onde, num passado mais ou menos remoto, se ergueram. Onde nos levam as fontes que escolhemos, ou que surgiram no nosso caminho?

Exposição/Fotografias: Todo o mundo da matéria contemporânea, os elementos da natureza, mas também os artefactos humanos. Poderá haver uma linha de progressiva complexificação dos objetos humanos representados, desde um artefacto em pedra, até um automóvel ou um computador. Câmaras fotográficas ou telemóveis. São todas as matérias e objetos deste fazer. Objetos inusitados, figuras cerâmicas, pedras do Álvaro Duarte de Almeida, livros, objetos de meus pais, Teresa e Ruy Belo; grandes penedos e pequenas pedras na paisagem; automóveis isolados; caixas perdidas; riscadores; Fruta.

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019


segunda-feira, 1 de abril de 2019

Espaço (Universo 3/4)

[exp_fuga 10] Conhecimento do horizonte visível do nosso olhar. Uma geografia concreta. É o espaço que vamos conhecendo cada vez melhor e ao qual vamos adicionando sucessivas camadas de sabedoria. Portugal é a definição de um território para operar terá que ser o espaço da nossa língua. Há mundos infinitos irradiados, na escala definida das possibilidades de sobre ela caminharmos, na dimensão ilimitada do nosso pensamento. Aqui descobrimos o infinitamente pequeno, dimensão fratal da terra. Lugar é a reflexão sobre um olhar humano sobre a natureza e sobre a terra que acolhe o povoamento, a construção das cidades, sejam elas reais ou imaginárias. São todos os os lugares acessíveis. Conhecimento do horizonte visível do nosso olhar para percorrer todos os possíveis lugares na descrição do mundo visível, toda a sua imensa variabilidade. Admitir a passagem do tempo como a construção de diferentes lugares dentro de um mesmo espaço. Fronteira. A sedutora linha que separa mundos aparentemente diferentes.

Exposição/Fotografias: Um grande mapa com a implantação de todos os lugares fotografados. É a ideia da “conquista” o do domínio conceptual de um território. É o conhecimento da terra a partir do qual se elabora um discurso ou uma narrativa. É a descrição de um país por várias ordens possíveis, cronológica, geográfica, topológica. Haverá dois momentos, ou eventualmente mais, um gráfico, cartográfico, outro com as fotografias do território e os textos em desenvolvimento, textos de procura da sua própria forma, seja ela a tipologia de cada elemento representado, seja a descrição de uma linha ou viagem, sejam elementos soltos devidamente encadeados. São tudo as formas e os princípios de aproximação à imagem de um país.

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019