quarta-feira, 31 de julho de 2013

Caixote

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2011
[a torre 20] Os livros saíam do seu lugar fixo, eram encaixotados e deslocados para outros locais para se proceder às obras de requalificação de cada um desses pisos. Os livros iam para as três grandes áreas que estavam disponíveis para os receber. Inicialmente apenas a sala de leitura geral recebeu livros, pois a nova sala de leitura ainda não estava disponível, tal como o não estava o novo espaço destinado aos Reservados, pelo mesmo motivo. Foi esta ocupação da sala de leitura que motivou o encerramento do serviço de leitura durante alguns meses e que gerou alguma polémica junto de alguns meios sociais, sobretudo aqueles ligados à investigação académica. Mas esta operação de encerramento foi absolutamente essencial para que fosse possível, num tempo célere, disponibilizar de novo os livros aos seu leitores.
Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2010

terça-feira, 30 de julho de 2013

O regresso dos comboios

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2011
[a torre 19] O regresso dos comboios, o regresso aos comboios. Depois de um período de uma certa convulsão, que representou a saída dos livros, o esvaziamento de cada piso da Biblioteca, os livros regressaram aos seus locais, foram reposicionados dentro do mesmo sistema de cotas há muito adotado. Dentro desse imenso organismo que é a Biblioteca, esta operação de mudança temporária dos livros, representou uma operação muito mais complexa do que a própria obra de ampliação, pois mais do que a simples construção de uma ampliação da Torre, o que estava em causa era a renovação integral de todo o espaço que alberga as coleções da Biblioteca.
Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2011

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Passado em perda

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2010
[a torre 18] Esta é a metáfora da construção da cidade, a síntese de um saber humano em progresso, sempre na persecução, de alguma forma aleatória e descontínua, de uma paisagem do futuro, que quotidianamente luta pela preservação de um passado que não quer perder. A construção da Biblioteca, de uma biblioteca, é o edificar de um lugar de partilha de conhecimento, mas é também a milenar luta contra o espaço e contra o tempo.

domingo, 28 de julho de 2013

Registo. Documento

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009
[a torre 17] A humanidade em progresso, este é o fascínio do registo demorado de uma obra, é o estar a fixar aquilo que sabemos de antemão que se vai perder porque escondido em sucessivos revestimentos de materiais. Depois oculto numa cidade imensa.
Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Arquitetura. Respirar

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2010
[a torre 16] Um edifício entre dois grandes conjuntos de máquinas, que lhe permitem respirar. Um conjunto está na cave, outro está no último piso. Depois há um complexo sistema de tubagens que atravessam todos os pisos, são como artérias das quais depende a saúde de todo um complexo edificado.
Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2011

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Um imaginário comum

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009
[a torre 15] Mas o que a imagem fotográfica também traz consigo é uma evidente complexificação do universo humano. Ao fixar paisagens e situações muito pouco conhecidas, cria um imaginário pessoal e coletivo que muito transcende a dimensão da memória vivencial de cada cidadão. Passa a haver um imaginário comum. Como exemplo, a própria ideia de nação passa a ser legitimada pela imagem fotográfica, pelo conjunto de monumentos e sítios de um país, ou pela representação de costumes e trajes de uma determinada região. Em termos individuais passamos a conhecer todo um mundo sem nunca lá termos estado. Os lugares humanos são muito mais estes, tendencialmente virtuais, que aqueles por onde cada um de nós se desloca. As fotografias de uma obra em construção fazem parte deste novo universo que não existia antes do aparecimento da imagem fotográfica, e também, mais tarde, da sua representação em livro.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Desaparecer na brevidade

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009
[a torre 14] Estas fotografias da obra de ampliação da torre de depósitos surgem ainda neste contexto de fixação de algo que vai desaparecer na brevidade de alguns dias. São imagens que, no fundo, mostram como que o lado secreto da feitura das cidades. Revelam uma parte da forma e do saber imenso requerido para a construção do território dos humanos. Este é um significativo pedaço de cidade que se vê erguer ao longo de um período de tempo relativamente curto.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Erguer um edifício


Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009
[a torre 13] O conjunto de fotografias realizado pelos dois fotógrafos (Delmaet e Durandelle) não é apenas o documento que fixa o erguer de um edifício notável e emblemático, nem é só o registo do fascínio por algo que no passado não podia ser observado, o inebriamento por uma crescente capacidade humana de transformação do território, estas fotografias são o exemplo de uma viragem conceptual que se opera com a própria produção iconográfica daquele período. Nunca a pintura se interessara, de forma sistemática, pelo registo de processos construtivos, pelo registo, aos olhos de todos, do edificar de uma nova paisagem humana. A pintura estava presa à exibição do virtuosismo singular e raro de um intérprete, enquanto a fotografia vai operar uma democratização, a curto prazo, dos processos de representação da realidade. À facilidade e rapidez do registo fotográfico de então também se associa a questão do múltiplo. As fotografias, que entretanto evoluíam de um suporte único para a impressão em papel a partir de um negativo, vão tornar-se muito mais disseminadas por um vasto mundo de comunicação.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Máquinas sobre máquinas

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009
[a torre 12] A fotografia vai-se assumir como uma tecnologia que dialoga com outras tecnologias, com outras máquinas. Esse diálogo é muitas vezes estabelecido com obras em construção, obras essas que, com emprego de novos materiais, como seja o ferro ou revestimentos de pedra, que no passado não se conseguia transformar em finas placas, vão assumir formas e processos de construção até então também inexistentes. Esses novos métodos de edificação além de permitirem escalas de intervenção muito maiores, vão realizar-se em períodos muito mais curtos do que aqueles que eram requeridos para, por exemplo, uma catedral, que demorava várias décadas. Esta celeridade dos processos vai ser imediatamente um objetos de trabalho da nova emergente fotografia. Em 1861, vinte e dois anos depois da apresentação pública do Daguerrótipo, é iniciada a construção da ópera de Paris, edifício emblemático símbolo de uma cidade e de uma nova cultura burguesa. Os fotógrafos Delmaet e Durandelle vão fazer uma cobertura exaustiva da evolução da obra, que se prolongará por 16 anos depois de varias vissicitudes relacionadas com a instabilidade política da França de então.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Revolução Industrial

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009
[a torre 11] O processo fotográfico a que comummente se associa a invenção da fotografia, o daguerrótipo, é apresentado em Paris, em 29 de agosto de 1839. Estava-se em plena Revolução Industrial, ou o desenvolvimento de máquinas e arquiteturas inexistentes num passado recente. A fotografia é, inicialmente, um processo químico que permite a fixação duradoura de uma imagem formada pela luz, seja através de um pequeno orifício numa caixa escura, seja através de uma lente, ou por contacto de elementos pousados sobre essa superfície fotossensível. Aparentemente o método de captura da luz pode dispensar aquilo que hoje se entende por uma câmara, ou uma máquina fotográfica, mas o que é certo é que os aparelhos para o registo de fotografias iniciam nessa altura um progresso continuo que ainda hoje persiste. As primeiras câmaras fotográficas enquadram-se no próprio espírito da Revolução Industrial e vão ser um elemento fundamental para a fixação de um período histórico que vai operar uma viragem conceptual sobre todos os aspetos de uma humanidade que enceta definitivamente um afastamento à Natureza-mãe com a construção das cidades da modernidade. Paris rivaliza com Londres como sendo as mais desenvolvidas metrópoles mundiais, ao mesmo tempo que noutros pontos de uma geografia global, várias cidades se afirmam como espaços de centralidade.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Fora da biblioteca

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2011
[a torre 10] Estes lugares são como que o inverso de um Portugal que se exibe aos nossos olhos. Pode ser estabelecida uma relação entre esta sombra e a luminosidade que existe a céu aberto, nesses imensos lugares fotografáveis, as mais diversificadas paisagens rurais e urbanas que existem neste espaço relativamente contido que define Portugal. Por aqui estarem representados todos os lugares podemos estabelecer esta relação entre um Portugal documental e um Portugal espacial que existe fora da Biblioteca.

sábado, 13 de julho de 2013

Labirinto humano

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2010
[a torre 09] A construção de um labirinto é a metáfora da construção de uma paisagem humana contemporânea. A Biblioteca, como edifício, é uma estrutura extremamente organizada, mas o seu conteúdo, a sua imensidão de livros, é o mais díspar que se possa imaginar. É neste sentido que expressamos o labirinto do conhecimento humano, a terra nova que todos os dias inventamos para habitar, num declarado afastamento a um mundo "natural", das intempéries, dilúvios e terramotos, de onde viemos, onde nos desenvolvemos como espécie. A Biblioteca é a representação da sociedade contemporânea, de uma parte significativa da sua produção cultural, mesmo de áreas que não se relacionam directamente com o livro.
Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2011

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sombra interior

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2011
[a torre 08] É na sombra do seu interior que se desenvolve toda a vida da Biblioteca. É nos espaços com as mais diversificadas funções, que se processa a razão de ser da Biblioteca. São atividades a que poucas pessoas têm acesso, mas que revelam a construção paulatina de uma sistematização de informação que é verdadeiramente surpreendente.
Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2011


Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2011

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Paisagem íntima

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009
[a torre 07] Esta é uma narrativa e o retrato de uma experiência humana, de construção do seu próprio espaço, da sua paisagem íntima. A Biblioteca é uma representação, e um microcosmos, da própria cidade.
Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2010

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Antever

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009
[a torre 06] No final da obra, o passado, a antiga torre, é uma memória que apenas permanecerá em fotografias. O novo edifício ganha o desenho de uma muralha maior. É uma torre longilínea de uma singular expressão. Quando observado do exterior poderá fazer lembrar uma torre medieval, com as suas seteiras e a sua aparência de estrutura militar defensiva. Poucos imaginarão uma sucessão continua e ritmada de estantes, de comboios de livros, como são referidas na gíria dos funcionários da Biblioteca, designação que viria a ser adotada para título da obra que antecedeu esta (Comboios de Livros). De qualquer forma é curioso como esta nova construção, no contexto do que já existia, acaba por ser uma obra discreta, quase passando despercebida a quem já conhecia o local.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Armaduras

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009
[a torre 05] As armaduras das fundações são as grandes caixas de ferro que vão constituir as fundações do edifício e a partir das quais vão ser erguidos os pilares. Após a conclusão da estrutura interna, de ferro, estes elementos vão ser cofrados e enchidos de betão. Ferros soltos a apontar o céu, serão uma das imagens mais marcantes da linha de topo antes de chegar ao definitivo terraço do edifício. Há nesta fase sempre um bulício grande de movimento de operários com as mais diversas funções. O edifício vai crescendo a um ritmo acelerado, aquele limite que é permitido pelos tempos de endurecimento do betão. Sub os pisos recém betonados está a sala hipóstila de estreitas escoras de ferro que sustentam a laje recém betonada que lhe está por cima.
Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009
Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009

segunda-feira, 8 de julho de 2013

A sala hipóstila

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009
[a torre 04] É no interior da obra que se desenha o labirinto. A princípio, sobre enormes sapatas pousadas sobre o solo húmido, começam a ser erguidos os largos pilares que são a estrutura portante de todo o edifício, são o seu esqueleto. Depois será erguida uma primeira laje horizontal, que define um segundo pavimento, do piso superior. Fica, então criada a primeira zona de sombra da nova construção. É uma sala hipóstila que, em obra, composta por centenas de pequenos pilares metálicos onde mal cabe um operário da obra. A água cai da laje que acabara de ser betonada. O ambiente é agora de acentuada escuridão, apenas existindo, neste piso inferior, algumas pouco significativas enterradas de luz. Todo este primeiro espaço está envolto por paredes cegas que contactam com o solo, que sustentam a pressão da terra. Este piso, imediatamente acima do solo, será um piso técnico que vai receber os postos de transformação bem como uma serie de maquinas de tratamento de ar. Sobre este piso irá ser instalada a caixa forte de Biblioteca, onde serão depositadas as obras mais raras e de maior valor de todas as coleções existentes no edifício. Estes dois pisos estão enterrados. Acima de ambos ficará localizada a nova sala de leitura, que, com a primitiva sala de leitura, partilhará a linha de comunicação vertical de acesso à torre de depósitos. A primitiva sala manterá, no futuro, as atuais funções, a nova sala vai centralizar a consulta de obras de outras coleções que anteriormente se encontravam dispersas por vários espaços sem ligação entre si, como sejam a Iconografia, a Cartografia, ou a Música, entre outros.
Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009

sábado, 6 de julho de 2013

Descofragem

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2007
[a torre 03] No decurso da recolha fotográfica que estava a ser efetuada desde 2007, que viria a culminar com a edição e exposição de Comboios de Livros, encontravam-se expostas num corredor, um conjunto de fotografias, em grande formato, de Horácio Novais. Eram tomadas de vista da construção da Biblioteca, feitas no início da década de 1970. O que se podia observar era a descofragem da estrutura em betão dos vários espaços da Biblioteca, nomeadamente da sala de leitura e dos corredores da torre de depósitos. Este projeto, A Torre, é um regresso à fabricação da Biblioteca, à ampliação da torre de depósitos e à construção de novos espaços, enquadrados no desenvolvimento do próprio princípio do que pode ser uma biblioteca nacional e a preservação das suas coleções. Edifica-se uma estrutura que alberga e torna acessível o maior e mais diversificado conjunto bilbliográfico do país. São disponibilizadas as suas coleções para enfrentar o futuro e relacionar o mundo do livro impresso, em papel, e os novos suportes materializados pelas tecnologias digitais.
Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2007

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Acompanhar

Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009
[a torre 02] Acompanhar a evolução da obra de Ampliação da Torre de Depósitos, da Biblioteca Nacional de Portugal, é como acompanhar a evolução de um organismo vivo, desde o nascimento até à idade adulta. Estas fotografias, uma seleção relativamente reduzida de todo o conjunto feito ao longo de três anos, dão-nos conta e acesso a esse imaginário que já não nos é mais acessível. Está aqui plasmada a dimensão temporal das construções e do ritmo da atual edificação da cidades humanas.
Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa. 2009

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A Torre

A Torre, edição Documenta. 2013
[a torre 01] A Torre é um livro e uma leitura da evolução da obra de ampliação da Torre de Depósitos da Biblioteca Nacional de Portugal desde o momento em que foi escavado no solo o grande buraco onde foram assentes as fundações do edifício, até à conclusão da obra. O livro, como uma narrativa paralela à grande obra de betão, é estruturado por sete textos, de Maria Inês Cordeiro, que constituem uma reflexão sobre o espaço, sobre o tempo, sobre a existência de uma grande biblioteca que é entendida como um organismo vivo que habita uma cidade, que está no coração de uma cultura e de uma língua.