segunda-feira, 31 de julho de 2017

Minas

[esporão 38] 26 de abril de 2016. Apesar da área da Quinta dos Murças não ser muito extensa, existem terrenos com diferentes exposições que darão, posteriormente, origem a diferentes vinhos, cada um deles com características próprias. Mas este solo guarda outros segredos, como as minas que se escondem nas suas encostas. São aberturas que nos levam ao interior da terra, são pontos de água que, no passado, tiveram uma importância que hoje perderam, mas que continuam a desenhar este labirinto de pontos de interesse ocultos a um olhar mais descuidado.

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 24 de setembro de 2016


domingo, 30 de julho de 2017

Continuidade

[esporão 37] 15 de abril de 2013. Regressar ao território alentejano para o registo fotográfico dos jovens olivais, flores, a natureza sedutora da primavera, ciclos continuados de vida, mas também um clima que se altera de ano para ano

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 15 de abril de 2013

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 15 de abril de 2013

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 15 de abril de 2013


sábado, 29 de julho de 2017

Desenho e conceito

[esporão 36] 24 de setembro de 2012. A nova adega da Quinta dos Murças estava terminada. Há uma inequívoca analogia entre um espaço desenhado, “arrumado”, e a sua produtividade. Há importância da organização para o desenvolvimento e evolução de novos conceitos

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 24 de setembro de 2012

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 24 de setembro de 2012


sexta-feira, 28 de julho de 2017

Transportar a paisagem

[esporão 35] 24 de setembro de 2012. Desde 2007 que fotografava a Herdade do Esporão, no Alentejo, perto de Reguengos de Monsaraz. O que sempre notara fora o invulgar acolhimento de todas as pessoas que ali trabalhavam. As tarefas tradicionais, como a pisa a pé, estavam a ser recuperadas, assim o exigia o desejo de fazer vinhos distintos, evocativos da memória duriense, de séculos de história continuada. Paisagem, população, vinho, como se tudo isto fosse uma e a mesma coisa. Para em qualquer lugar do mundo podermos beber o espírito de uma paisagem, mesmo por quem, distante, não a pode imaginar.


Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 24 de setembro de 2012



quarta-feira, 26 de julho de 2017

Desenho sobre branco

[esporão 34] 21 de setembro de 2012. Detalhes, horta, vindima, design aplicado à terra. O trabalho de Eduardo Aires é como um traço fino que se ergue sobre fundo branco, como que figuras que se desenham sobre a pureza de uma folha limpa e nos transmitem a sobriedade de construção e do discurso sem acessórios, franco. É a simplicidade desconcertante, trabalhada ao detalhe, persistente procura da identidade dos lugares que se cruza com um olhar humano, com a construção da matéria sublime do vinho e do azeite. É a continuidade, em diferentes suportes, de uma mesma linguagem. Não é fácil escrever algumas palavras sobre este labor. Há uma sobriedade que nos parece colocar perante um vazio irredutível. Há um desenho sublime que representa o fim de um caminho de depuração do traço, da letra, da cor e nos coloca perante uma ideia de perfeição, de algo acabado, o chegarmos a um ponto de equilíbrio. Mas, na continuidade desse trabalho de enorme minúcia e delicada subtileza, vemos um longo e determinado caminhar. Este trabalho fotográfico tenta seguir o mesmo princípio, dar “voz” à terra, ao vinho, ao azeite, comunicar a sua veracidade, os gestos delicados sobre uma paisagem que se acarinha. Não há um fim, ou um destino, que não seja o da exploração do fazer aproximações a uma sedução da forma e do conceito difíceis de objetivar.

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 24 de setembro de 2012

terça-feira, 25 de julho de 2017

De novo a vindima

[esporão 33] 14 de setembro de 2011. A vindima duriense decorria agora numa paisagem “arrumada”. Toda a vinha recentemente plantada estava a crescer. Decorrem as vindimas para a produção de novos vinhos. A paisagem está “desenhada” em vinha ao alto, quando os declives não são muito acentuados, ou plantada em geios, quando as pendentes do terreno não permitem a primeira solução.

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 14 de setembro de 2010

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 14 de setembro de 2010

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 14 de setembro de 2010


sábado, 22 de julho de 2017

Ponto de equilíbrio

[esporão 32] 14 de setembro de 2011. Os espaços de produção da Quinta dos Murças já estavam recuperados. Nas primeiras visitas notava-se um envelhecimento descuidado das estruturas construídas e dos solos. Agora, como no exterior, também estes espaços interiores estavam a ser transformados com o mesmo desenho cuidado, na arquitetura e nos vários elementos que integravam o complexo da quinta. Aquele território era delicadamente redesenhado como um todo.

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 14 de setembro de 2010

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 14 de setembro de 2010

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 14 de setembro de 2010


quinta-feira, 20 de julho de 2017

Memórias de viagens

[esporão 31] 20 de janeiro de 2011. Decorre a apanha da azeitona nas proximidades de Serpa, localidade de memórias e viagens antigas. Onde nos transportam as memórias? Todo este trabalho está contaminado por memórias dispersas associadas ao espaço português, a múltiplas viagens, sempre diferentes, que cada vez mais juntam universos aparentemente desconexos.

Serpa. 20 de janeiro de 2011

Serpa. 20 de janeiro de 2011

Serpa. 20 de janeiro de 2011

Serpa. 20 de janeiro de 2011


quarta-feira, 19 de julho de 2017

Trabalhos no Alentejo

[esporão 30] 20 de maio de 2010. De novo no Alentejo. Primavera, água livre em terras secas, ciclos de floração. Como dias antes havia observado na Quinta dos Murças, também na Herdade do Esporão, no Alentejo, decorriam trabalhos de preparação de terrenos para as novas vinhas. Dada a acentuada horizontalidade destes solos, o processo é mais mecanizado do que havíamos observado no Douro, não dispensando, no entanto, a mão humana.

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 20 de maio de 2010

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 20 de maio de 2010

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 20 de maio de 2010

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 20 de maio de 2010

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Água como regresso

[esporão 29] A própria fotografia, as recolhas de campo, têm uma forte componente física e não é raro sermos levados a pensar que afinal é a água o mais precioso líquido de que podemos dispor. Este é um ponto de reflexão que, quando atingido, nos faz regressar a condição de mamíferos, de máquinas de sobrevivência, animais que se deslocam sobre a terra, incessantemente, à procura de alimentos, de subsistência, de lugares para habitar, das noites de ausência que apenas preparam a jornada seguinte.

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 9 de março de 2010

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 9 de março de 2010

sábado, 15 de julho de 2017

Corpo

[esporão 28] Estes são os construtores das paisagens milenares. Nestes trabalhos a céu aberto há sempre uma componente física envolvida. É a presença do corpo entrosado com os lugares, com a natureza. É deste labor que, muitas vezes, se tenta fugir, do cansaço extremo, das jornadas de trabalho contínuo. Mas ao mesmo tempo, quem executa estas tarefas sente as dimensões poderosas desse mesmo corpo, há o desprendimento de um, quase, ser “burocrático”, há como que o encontro com a natureza intacta que nos transportou, por longos e aleatórios caminhos evolutivos, ao momento que habitamos no presente. Há uma “expiação” da condição existencial plena de dúvidas, para mergulhamos numa libertação de um quotidiano sedentário. A prisão da terra é aqui  território de libertação.

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 9 de março de 2010

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 9 de março de 2010

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Plantar

[esporão 27] 9 de março de 2010. Mais uns meses passados e agora, na primavera, era tempo de plantar as novas vinhas. O solo recebera as chuvas do inverno e as temperaturas estavam a subir. Trabalhadores povoavam os planos inclinados sobre o Douro. Pessoas dispersas na paisagem a lembrar tempos antigos, de Domingos Alvão, fotógrafo das dimensões humanas do Douro, há mais de meio século. O solo está limpo de qualquer planta. Os movimentos de terras haviam terminado há pouco. Nalguns casos já estavam a ser colocados os esteios e as linhas de arames para receberem o crescimento dos pés de vinha. O que dominava a leitura visual da paisagem eram algumas pessoas a plantar a vinha, com o rio em fundo. Talvez não fosse difícil imaginar uma paisagem que, lentamente, da terra se ergueria em manto verde. A expectativa ali ficava, sobre um lugar em transformação.

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 9 de março de 2010

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 9 de março de 2010

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Vindima duriense

[esporão 26] 8 de setembro de 2009. A vindima duriense decorria ao mesmo tempo que se trabalhava, noutros talhões, no desenho e afeiçoamento de um novo território a plantar. Obras de modelação e movimentação de terras. O vinho desenhado pela água. As técnicas tradicionais de construção de muros. O respeito por uma tradição evolutiva de vários séculos de dedicação à terra e ao vinho.

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 8 de setembro de 2009

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 8 de setembro de 2009

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 8 de setembro de 2009


Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 8 de setembro de 2009

terça-feira, 11 de julho de 2017

Movimento de terra

[esporão 25] Alguns meses depois regressava à Quinta dos Murças, 8 de setembro de 2009. Decorriam trabalhos em quase toda a sua extensão. Movimentos de terras para a preparação de vinhas novas, consolidação do escoamento de linhas de água e o arranjo de muros. Os muros eram erguidos pelos processos tradicionais, secularmente usados no Douro. Pedra sobre pedra, algumas de impressionantes dimensões. Era o regresso ao uso do xisto da região e a recusa do emprego do betão para evitar a descaracterização do lugar e preservar a sua memória.
 
Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 8 de setembro de 2009

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 8 de setembro de 2009

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 8 de setembro de 2009
Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 8 de setembro de 2009

Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 8 de setembro de 2009
 

Perdigões

[esporão 24] 7 de agosto de 2009. A herdade dos Perdigões, que integra o conjunto de propriedades da Esporão, situa-se nas imediações de Reguengos de Monsaraz. A maior parte do solo está cultivado com vinha. Há, no entanto, uma área relativamente extensa, liberta de qualquer plantação. Uma grande tenda de lona branca está sobre este solo. Entramos. Talvez umas vinte pessoas vasculham a terra, escavada em troços retilíneos cuidadosamente mapeados. Decorrem trabalhos de escavação arqueológica. A área de intervenção, embora relativamente grande, representa uma pequena fração de um enorme recinto. O lugar fora um importante espaço religioso muito antes da ocupação romana deste território. Aqui se encontraram significativos vestígios para o conhecimento das comunidades humanas que ocuparam o lugar há mais de 2000 anos. Algumas das peças encontradas estão em exposição na Torre do Esporão.

Herdade dos Perdigões, Reguengos de Monsaraz. 7 de agosto de 2009

Herdade dos Perdigões, Reguengos de Monsaraz. 7 de agosto de 2009

Herdade dos Perdigões, Reguengos de Monsaraz. 7 de agosto de 2009

Herdade dos Perdigões, Reguengos de Monsaraz. 7 de agosto de 2009

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Solos

[esporão 23] No dia 14 de maio de 2009, o objetivo fora só o de fotografar solos, a matéria-terra. É impressionante a diversidade, na aparência, dos solos, muitas vezes em pontos distantes uns meros 20 ou 30 metros. Estas diferenças são acompanhadas por diferentes constituições químicas, que, por sua vez, darão origem a ligeiras variações das próprias uvas, mesmo dentro de uma mesma casta. É isto que faz o chamado “terroir”, a mas delicada expressão de um vinho, aquilo que o prende a um lugar único e irrepetível. É no ínfimo detalhe que se trabalha a singularidade sublime de um vinho

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 14 de maio de 2009

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 14 de maio de 2009

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 14 de maio de 2009

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 14 de maio de 2009

domingo, 9 de julho de 2017

Arco de tempo e espaço

[esporão 22] É muito interessante relacionar a terra, nas suas mais antigas formas de suporte estável às atividades humanas e à fixação de comunidades, com a atividade agrícola aqui desenvolvida e toda a maquinaria que a suporta. Quando entramos nas adegas vemos um complexo universo de linhas de produção. É o extremo oposto do que se verifica para lá das paredes, a céu aberto. O Esporão, como projeto integrado de produção, é a procura cada vez mais fina deste equilíbrio entre a terra, e o desejo da manutenção da sua integridade, e a mais avançada tecnologia. Este saber de relação, acumulado ao longo de mais de 40 anos, dá origem a vinhos, e agora azeites, progressivamente mais elaborados e singulares.

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 6 de janeiro de 2009

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 6 de janeiro de 2009

sábado, 8 de julho de 2017

Ler a paisagem pela arquitetura

[esporão 21] Quando descrevemos esta terra não podemos deixar de olhar para os edifícios. A opção arquitetónica foi, desde o início, a discrição e a integração na paisagem. Não se procurou aqui um confronto com uma certa ideia de tradição do edificar no Alentejo. Os vários edifícios da herdade são, no entanto, muito singulares na sua interpretação desses mesmos valores e no detalhe, bem como nalguns aspetos estruturais que mostram o refinamento do desenho.

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 6 de janeiro de 2009

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 6 de janeiro de 2009

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 6 de janeiro de 2009

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 6 de janeiro de 2009

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 6 de janeiro de 2009