quinta-feira, 31 de maio de 2018

Janela

[procurar um país 018] O mar num lugar distante, a mesma singularidade. Penedos desenhados pelas ondas de um oceano enorme. Como que figuras que nos interpelam sobre a nossa condição de seres vivos, habitantes de um planeta que só recentemente começámos a entender, mais plenamente, talvez. É a invenção da linguagem para o conhecimento do mundo.
 
002. Foz da Ribeira da Janela. Porto Moniz. 2006
 

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Ursa

[procurar um país 017] Um lugar onde sempre se regressa, sempre irrepetível, encontro “violento” da terra com o mar, diálogo de elementos primordiais do planeta que habitamos. Como se antes da terra houvesse o mar, um universo líquido, contínuo, infinito. Como se aqui começasse a nossa viagem, sendo que, para muitas comunidades, aqui terá terminado, no passado, um caminhar demorado que chegava a uma terra limite. Praias, rochedos ou falésias sobre o Atlântico.
001. Praia da Ursa. Sintra. 2002

terça-feira, 29 de maio de 2018

Porta

[procurar um país 016] Na sequência de uma visita ao mosteiro de Santa Clara-a-Velha, Coimbra, depois de recuperado o edifício e tornado acessível, apresentei à direção do monumento uma proposta para a sala de exposições temporárias. A ideia inicial era apenas mostrar um conjunto de fotografias feitas em 1988 quando uns miúdos brincavam numa jangada dentro do próprio edifício. Recebi como resposta a pronta abertura para a exposição, mas sugeriam-me antes um apanhado de imagens em torno do meu trabalho sobre Portugal. Acedi. A exposição viria a ter como título “Procurar um país — trinta anos em viagem”. São essas fotografias que irei agora aqui mostrar aqui na Cidade Infinita acompanhadas de textos, atuais, sobre o seu contexto e significado.

Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Coimbra. 1988

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Não resistir

[procurar um país 015] O que escrever sobre as imagens? Não se procuram justificações, apenas não resistir ao apelo das imagens e à sedução da escrita, que, aqui, mais não é que construção de um sistema de pensamento, em fuga a todas as suas evidentes fragilidades, à sua própria ausência de sentido.
2018

domingo, 27 de maio de 2018

Linhas múltiplas

[procurar um país 014] Há uma dimensão deliberadamente contida nesta mostra de fotografias. Não se procuram os grandes formatos, mas as linhas de múltiplas imagens, quase escrita, que dialogam entre si, que estabelecem relações de complexidade entre formas diferenciadas, memórias identitárias, tempos entrelaçados.
2018

sábado, 26 de maio de 2018

Conexões

[procurar um país 013] Notas para uma teoria da fotografia como arquitetura. O alinhamento das imagens em trilhos de labirinto. Construção de conexões para a descoberta de lugares inexistentes ou tornados possíveis em espaços virtuais.

2018

domingo, 20 de maio de 2018

Memória estendida

[procurar um país 012] Regressar. Muito fica diferente ao adicionarmos a dimensão tempo às fotografias. As imagens, dentro de um grande arquivo sobre o território, são espaço, são arquitetura, lugar habitado, memória estendida para lá do humanamente possível. Tempos passados em sítios inexistentes.
 
2018
 

sábado, 19 de maio de 2018

Fragmentos de representação

[procurar um país 011] Este conjunto de imagens não são “fotografias”, são fragmentos de representação de lugares. São uma síntese possível, procurada, de um espaço concreto. É uma imagem diversa, a invenção de um lugar fugidio, encontro com o significado do povoamento dos solos férteis. Ponto de chegada e de partida, caminho sobre o limbo esboroado de um vulcão ativo. Ilha num imenso oceano povoado de criaturas inexistentes. É a permanência, a procura do conhecimento fulcral, o núcleo da claridade. Clarão na luz da aurora, a densa sombra de detalhes lentos. Habituação a uma luta continuada, duradoura, violenta, mortífera. Renascimento prosseguido em milhões de anos de catástrofes. É a fabricação das cidades espontâneas. O desenho sonoro de uma paisagem inquieta. Palavras antes da linguagem. Todas as cores.

2018

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Tempo e seleção

[procurar um país 010] Nestes trabalhos não podemos deixar de pensar na questão “tempo” no âmbito das metodologias que levam ao desenvolvimento desta seleção de imagens, ou mesmo da própria forma de as mostrar, de as organizar, de as dispor, seja numa exposição, num livro, num documento para ser mostrado num ecrã.
 
2018
 

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Figuras e fundo

[procurar um país 009] A ideia aqui presente, como noutros aspetos das tipologias de espaços e lugares aqui apresentadas, é a de percorrer vários elementos significativos, em diferentes lugares de Portugal, para mostrar opções, formas de intervenção a partir de um mesmo conceito, arquiteturas, formas de fazer cidade, ou apenas, a marcação de lugares com escassos vestígios de povoamento humano. São exemplos da criação de espaço, de lugar, de território humano estendido por longos horizontes. Muitos espaços ficam de fora. Para cada situação há sempre várias opções, não raro de uma enorme riqueza formal e conceptual.
 
2018
 

terça-feira, 15 de maio de 2018

Expor

[procurar um país 008] As exposições, dado o seu carácter efémero, são momentos de reflexão e risco. Sem dúvida, espaços de liberdade. Ensaio de soluções antes não tentadas, não apenas do que se mostra, mas do como se mostra, da tentativa de tornar mais rica e intensa a experienciação de visita ao lugar, como se fosse possível passar ao leitor das imagens situações de vivência concreta dos lugares a céu aberto, momentos de vida marcantes que se desejam partilhar.

2018

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Opções

[procurar um país 007] O conceito original que aqui vai ser mostrado divide-se em dois núcleos. Um primeiro é o coração da exposição, são as fotografias de paisagens e arquiteturas de Portugal. Um segundo conjunto é sobre a construção da própria exposição, não no sentido de justificar as opções tomadas, mas de revelar um pouco do método de trabalho seguido até à seleção de imagens, construção de suportes e planificação. Um processo encarado como um projeto de arquitetura, não como uma edificação, física, material, mas como um conceito de procura de uma casa comum, uma representação de uma cultura, aproximação à representação de uma identidade coletiva que no solo foi deixando os seus projetos de habitar ao longo de sucessivas gerações, de milhares de anos. Para lá de imagem, estes conjuntos de fotografias, poderão ser, também, arquitetura. 
 
2018
 

domingo, 13 de maio de 2018

Linhas

[procurar um país 006] Este conjunto de fotografias não pode deixar de ser, também, um percurso pessoal por lugares representativos da diversidade de paisagens e formas de edificar no decurso de um tempo longo em Portugal. Como mostrar esses lugares? O núcleo base das imagens aqui expostas estão dispostas em 14 capítulos, momentos, linhas. Não se procurou uma ordem geográfica ou cronológica para mostrar as representações de paisagens e arquiteturas, mas fragmentos desses aspetos que tecem entre si uma teia de complexidades sempre renovada. São, de alguma forma, tipologias de imagens.
 
2018
 

sábado, 12 de maio de 2018

Camadas

[procurar um país 005] Estas fotografias representam, de algum modo, a continuação do trabalho mostrado em ocasiões anteriores como em  Guimarães, no Centro Internacional de Artes José de Guimarães, integrado na exposição “Os Inquéritos [à Fotografia e ao Território] - Paisagem e povoamento”, comissariada por Nuno Faria em 2015/2016. E continuadas nos dois últimos anos, com trabalhos sobre Castelo Branco, a Lapa do Lobo (Nelas), ou o Funchal. São várias camadas que se vão sobrepondo. É uma sistematização de frentes de trabalho e uma tentativa de sintetizar os elementos espaciais nodais do espaço português. Uma abordagem que apresenta uma seleção de imagens breve de um universo de centenas de milhar de fotografias.
 
2018
 

sexta-feira, 11 de maio de 2018

37

[procurar um país 004] Como mostrar 37 anos de fotografias sobre o espaço português? A imagem mais antiga que vai ser mostrada nesta série, data de 1982; a mais recente foi feita este ano 2018. São mais de três décadas de viagens por Portugal, na procura incessante e metódica do registo fotográfico do seu território. Neste hiato temporal foram percorridos mais de 700.000 quilómetros e feitas mais de 1.500.000 fotografias. Estas imagens são uma proposta de reflexão sobre sobre o povoamento da terra, um convite à viagem pelas paisagens menos humanizadas até ao coração das maiores cidades.

2018

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Esquivo

[procurar um país 003] Edificamos, continuamente, uma teia labiríntica e polissémica de espaços fascinantes. Arquiteturas para o futuro que nos ligam ao mais remoto passado. Espaços evolutivos e indeterminados. Estas fotografias são uma proposta de reflexão sobre Portugal. São a fixação possível de um ponto no espaço-tempo, voraz na sua celeridade e aceleração, ou o jogo de procura de uma realidade esquiva, eventualmente impossível de captar.
 
2018
 

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Convergência

[procurar um país 002] Este trabalho fotográfico tem procurado uma síntese do espaço tão diferenciado, com uma tão grande diversidade de lugares, que é Portugal. Que semelhanças podemos encontrar entre as terras nevadas da serra da Estrela e, por exemplo, o Terreiro do Paço, em Lisboa? Haverá algo em comum entre a paisagem da caldeira mais elevada da ilha do Pico e os edifícios da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto? É entre estes espaços antagónicos que se joga a imensa diversidade de paisagens e formas de povoamento no território hoje Portugal. Estes são alguns dos aspetos que contribuem para o enorme valor de uma cultura milenar, de traços únicos, muito difíceis de objetivar. Estas fotografias querem fazer aproximações à imagem do património natural e cultural de um país que preserva no seu solo marcas dissonantes, notáveis, de milhares de anos de povoamento humano, de relação com a terra, com as edificações que são o rosto de uma cultura. São os projetos de construção de lugares novos, sempre inacabados, que uma sociedade vai deixando para as gerações seguintes.
 
2018
 

terça-feira, 8 de maio de 2018

Pausa

[procurar um país 001] Há momentos convulsos no decurso da existência. Há tempos de paragem. Voltarmo-nos para trás, repensar conceitos antigos a olhar para o futuro, para um lugar próximo. Integrar o passado na esfera do presente. Conviver com ausências. Prosseguir. Pegar em algo antigo, num conceito definido, e atualizá-lo. Luz nova sobre as águas de um rio.

2018