domingo, 30 de setembro de 2018

Controlo

[procurar um país 098] Uma torre debruça-se sobre as águas do Tejo. Evoca antigas arquiteturas de cariz militar, nomeadamente a Torre de Belém. A função é, sensivelmente, a mesma, com as devidos afastamentos de tempo longo, o controlo da barra do Tejo, o acesso aquático à cidade de Lisboa, e mesmo a terras interiores de Portugal.

082. Porto de Lisboa. Lisboa. 2014

sábado, 29 de setembro de 2018

São Domingos

[procurar um país 097] O Pomarão é um pequeno povoado junto ao rio Guadiana, localizado junto à foz do rio Chança, no ponto em que o grande rio do sul de Portugal reencontra a fronteira com Espanha. Era neste local que era embarcado o minério extraído da Mina de São Domingos, complexo mineiro que se assumiu como dos mais importantes do espaço europeu na segunda metade do século XIX. O Pomarão representa também o términos de uma linha ferroviária de cerca de 17 quilómetros, justamente até à Mina. Hoje, a linha está completamente abandonada, mas permanece o seu traçado, pontuado por ruínas que se adensam à medida que caminhamos para norte. Os fornos altos da mina, representam um dos esforços mais tardios para travar o declínio da Mina, que acabaria mesmo por não se conseguir evitar. Foram construídos em betão e permanecem agora como uma imponente e estranha ruína, em solo estéril banhado por águas negras.

081. Mina de São Domingos. Mértola. 2014

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Candeeiros

[procurar um país 096] A Serra dos Candeeiros é uma elevação calcária que se ergue no território da antiga Estremadura, região hoje designada por Oeste. Os moinhos de vento são uma das marcas mais fortes do povoamento antigo destas paisagens. Hoje estão praticamente todos abandonados. Marcam a sua própria perda de função, de uso do vento para a moagem de cereais. O vento permanece.

080. Serra dos Candeeiros. Porto de Mós. 2013

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Pendilhe

[procurar um país 095] Um cruzeiro implantado sobre um penedo. É a sacralização de um sítio, a marcação básica da conquista de um lugar, o ilusório domínio de uma paisagem. Afeiçoar de um território vasto e desconhecido.

079. Pendilhe. Vila Nova de Paiva. 2004

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Fonte do Louseiro

[procurar um país 094] Uma paisagem enigmática povoada por corpos estranhos, invulgares. São respiradouros de um aqueduto nas terras acentuadamente planas e secas nos arredores de Évora. É uma visão que parece remeter para um certo universo surrealista associado à representação da arquitetura. Espaços ideais, cidades perfeitas, irreais, infinitas.

078. Respiradouros do aqueduto da Fonte do Louseiro. São Miguel de Machede. Évora. 2006

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Sines


[procurar um país 093] Há cerca de 20 anos havia muito poucas centrais eólicas em Portugal. Associada ao complexo industrial de Sines, foram construídas as torres eólicas que ainda hoje permanecem no horizonte litoral alentejano. Se na altura eram uma singularidade da paisagem portuguesa, hoje são um lugar comum, tal a proliferação destes engenhos por todo o espaço português. não será fácil encontrar um horizonte aberto que não esteja pontuado por estas estruturas.


077. Central Eólica de Sines. Sines. 1996

domingo, 23 de setembro de 2018

Santa Clara

[procurar um país 092] Primitivamente tinha 999 arcos construídos em pedra, mas hoje já há alguns que se destruídos. No seu trajeto, desde Terroso, atravessa diferentes paisagens, entre o rural, o florestal e o urbano. É uma linha de água elevada, construída, que alimentava o convento de Santa Clara, em Vila do Conde.

076. Aqueduto de Santa Clara. Vila do Conde. 1995

sábado, 22 de setembro de 2018

Aldeadeávila

[procurar um país 091] O local faz lembrar um pouco a Barragem de Santa Luzia, situada na região Centro do país. Mas a escala é aqui muito maior, bem como a natureza geológica do lugar. Barragem de Aldeadeávila de la Ribera, espanhola, foi construída no Douro internacional, num local em que as margens, alcantiladas se aproximam consideravelmente uma da outra. É uma das mais impressionantes gargantas fluviais do espaço português. Embora de grande dimensões, a barragem, vista do alto, parece pequena face ao cenário deste vale profundamente escavado na rocha pelo rio Douro ao longo de milhões de anos.

075. Barragem de Aldeadeávila de la Ribera. Mogadouro. 1987

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Praia da Cova

[procurar um país 090] Uma sucessão de degraus define o único acesso terrestre a enseada da praia da Cova, não longe de Sesimbra, no sopé sul da serra do risco, uma impressionante escarpa calcária com 380 metros de altura. A escada, perfeitamente integrada na parede natural vertical, dá acesso a um pequeno forte de defesa e vigia do litoral que terá sido construído após a Restauração. Hoje esta fortificação encontra-se em avançado estado de degradação e ruína.

074. Praia da Cova. Sesimbra. 2013

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Santa Luzia

[procurar um país 089] A barragem de Santa Luzia fecha uma estreita faixa quartzítica que fora aberta pela erosão provocada pelo rio Unhais. É uma das mais antigas barragens portuguesas construídas em betão. A obra iniciou-se em 1931 e terminou quatro anos mais tarde, em 1935. Tem 76 metros de altura. É uma obra que impressiona pela sua localização, pelo e pelo seu desenho singular, uma parede a fechar uma garganta.

073. Barragem de Santa Luzia. Pampilhosa da Serra. 2006

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Rio Corgo

[procurar um país 088] Duas linhas traçadas na paisagem, duas linhas de velocidades diferentes, duas formas de ler os lugares, dois tempos civilizacionais distintos. Em baixo temos uma ponte metálica da linha ferroviária do Corgo. Em cima o atravessamento inteiro do vale pela autoestrada A24.

072. Vale do Rio Corgo. Peso da Régua. 2012

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Linha do Douro

[procurar um país 087] Ao longe um enorme pilar sinaliza a construção de uma nova ponte sobre o Douro. É a ponte da Ermida. Percorrermos o rio Douro é, também, a possibilidade de observarmos as diferentes pontes e barragens, de diferentes épocas, muitas soluções de engenharia e processos construtivos. É uma leitura de tempo feita nas linhas de atravessamento “aéreo” de um rio.

071. Linha do Douro. Ermida. Baião. 1997

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Valeira


[procurar um país 086] São impressionantes as arribas graníticas no lugar da Valeira, no vale do Douro. Existira no passado uma queda de água no local que fora dinamitada no final do século XIX para permitir a navegabilidade do rio e o escoamento do vinho, produzido a montante, em direção ao Porto. A construção da Linha do Douro levou à abertura de um túnel que atravessa a enorme mole granítica.


070. Túnel da Valeira. Linha do Douro. Carrazeda de Ansiães. 1997

domingo, 16 de setembro de 2018

Sobre o Tejo

[procurar um país 085] Como uma caixa metálica tecida em rede, a ponte Dr. João Joaquim Isidro dos Reis permite o atravessamento do rio Tejo. Pela sua extensão, 756 metros, é uma das maiores pontes metálicas do território português. Depois de um processo demorado, as obras arrancam em 1908. No dia 31 de agosto de 1909 a ponte é aberta à circulação rodoviária. João Joaquim Isidoro dos Reis nasceu na Chamusca em 1849. Concluiu o curso de Direito, em Coimbra, em 1876. Foi o maior lutador pela construção da ponte que viria a ter o seu nome.

069. Ponte Dr. João Joaquim Isidro dos Reis. Golegã/Chamusca. 2004

sábado, 15 de setembro de 2018

Tua

[procurar um país 084] O troço inicial da Linha do Tua encontra-se, neste momento, submerso. A construção da barragem de Foz Tua levou ao abandono definitivo da circulação ferroviária no vale do Tua, na linha que ligava o Tua, na linha do Douro, a Bragança. Era assim abandonado o mais impressivo troço ferroviário de toda a rede nacional de caminhos de ferro.

068. Linha ferroviária do Tua. Castanheiro. Carrazeda de Ansiães. 2008

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Calçada

[procurar um país 083] Uma das maiores procuras deste trabalho é a do entendimento do espaço natural, que nos recebe, que nos permite caminhar. Diretamente relacionada com esta questão dos lugares de atravessamento e habitar, observamos o afastamento a esse mesmo espaço. A natureza mantém sobre nós uma enorme sedução que parece estar guardada no núcleo das nossas células e que, a todo o momento, nos interpela para esses lugares primordiais. Uma calçada sinuosa parte do Soajo para nos conduzir ao alto da montanha.

067. Calçada. Soajo. Arcos de Valdevez. 2009

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Ponte sobre o rio Sabor

[procurar um país 082] O material mais frequente nas pontes de arco no território hoje Portugal, é o granito, com pedras, não raras vezes, de dimensão considerável. O xisto é utilizado, aparentemente, quando não se dispõe daquela outra pedra. Se a estrutura das pontes é a mesma e o processo construtivo também é similar, o resultado, a imagem da ponte, é diferentes, a textura das superfícies é muito mais “densa”.

066. Ponte sobre o rio Sabor. Santulhão. Vimioso. 2001

Monsanto

[procurar um país 081] Caminhos muito antigos, milenares, talhados, já, no próprio solo granítico milhares de vezes percorridos por sucessivas gerações de homens e mulheres que habitaram aquele lugar. Hoje, sugeridos por um conceito de tempo lento, pode parecer-nos que terá sido sempre assim, mas tudo tanto mudou ao redor daquela paisagem.

065. Monsanto. Idanha-a-Nova. 2005

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Vila Nova de Gaia

[procurar um país 080] Escadas urbanas, nas margens íngremes do Douro, nas proximidades da sua foz, em frente ao Porto. Vila Nova de Gaia. Como que encontrar no coração de uma urbe densamente povoada o acesso a uma outra realidade que dilui um passado antigo, de ruralidade, com a projeção futura de um silêncio raro.

064. Vila Nova de Gaia. 1998

domingo, 9 de setembro de 2018

Calçada da Misarela

[procurar um país 079] O mistério das calçadas rudes, talhadas na montanha, caminhos funcionais por territórios agrestes, agora poucas vezes atravessados, que nos poderão fazer sentir outras dimensões do caminhar, do atravessamento de paisagens esquecidas, hoje.

063. Calçada da Misarela. Montalegre. 1996

sábado, 8 de setembro de 2018

Herdade das Areias

[procurar um país 078] Registar caminhos é um desafio que raras vezes é fácil, ou que se consegue captar o seu significado e extensão. São linhas de continuidade, percursos de quotidiano de pessoas e animais, de caminhantes solitários, ocasionais. Esta proposta é também a de um atlas indeterminado, infinito.

062. Herdade das Areias. Reguengos de Monsaraz. 2010


sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Ucanha

[procurar um país 077] A localização dos cemitérios, muitas vezes em lugares com amplas vistas, que nos falam também do tempo arcaico da determinação do seu local. Tudo acaba um dia e a vida que vamos construindo no território dos nossos fazeres pode ser a preparação lenta para esse momento de viagem sem regresso, restituição de átomos para outras matérias. Reconfiguração. Continuidade.

061. Cemitério de Ucanha. Tarouca. 1996

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Meijinhos

[procurar um país 076] Enfrentar a morte para lutar contra ela. A cidade que aqui construímos é como uma voz levantada contra a morte. Mas esta voz não é de luta, é a de um diálogo. Não é a da tentativa de entendimento, porque o sentido da morte é o da evolução biológica, o de permitir a adaptação eficaz a um mundo, um meio envolvente, sempre em mutação. Há um jogo de sobrevivência, de alguma forma perseguido com tenacidade e determinação.

060. Cemitério de Meijinhos. Lamego. 2002

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Pitões das Júnias

[procurar um país 075] Este trabalho de mapeamento do território contém algumas centenas de cemitérios fotografados. São lugares que, como acontece com outras formas construídas, apresentam diferenças significativas de região para região. Dentro de cada cemitério são também muito diferentes o tratamento dado a cada sepultura ou jazigo. Olhar os lugares da morte na atualidade como que para jardins de inverno.

059. Cemitério de Pitões das Júnias. Montalegre. 2015

terça-feira, 4 de setembro de 2018

São Martinho

[procurar um país 074] Em volta da capela de São Martinho estão dispersos 10 sarcófagos de planta retangular ou ovalada, escavados em monólitos de granito. No local, na Alta Idade Média, existiu também um habitat, de que hoje nada resta que não sejam estes penedos escavados, revolvidos, e a pequena capela de São Martinho, construida em tempos mais recentes.

058. Necrópole de São Martinho. Touro. Vila Nova de Paiva. 2004

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Sepulturas

[procurar um país 073] Corpos desenhados no solo pétreo, às portas de uma igreja românica, num dos mais expressivos geomonumentos de Portugal continental. Monsanto é um monte-ilha que se ergue da planície da Beira Baixa. Do seu alto avistam-se horizontes muito longínquos, da serra de São Mamede, a Sul, às serras da Gardunha e da Estrela, a Noroeste.

057. Sepulturas antropomórficas. Monsanto. Idanha-a-Nova. 2005

domingo, 2 de setembro de 2018

Necrópole de São Gens

[procurar um país 072] O local que é hoje a necrópole de São Gens teve dois períodos de ocupação distintos. O primeiro foi na época romana e durou até ao século IV. Seguiu-se um longo interregno da ocupação daquele espaço. Seria no século IX que novas comunidades se fixariam ali, mas com uma ocupação de cerca de um século. Investigações arqueológicas recentes revelaram que esta última ocupação era composta por construções de madeira e que um grande incêndio no século XI poria fim a este pequeno povoado. Não foram encontrados vestígios de qualquer edifício religioso, mas o número de 54 sepulcros encontrados é revelador do significado do lugar. Campos agrícolas férteis ao longo da ribeira dos Tamanhos e do rio Mondego, contribuirão para explicar a fixação de comunidades humanas. Um penedo que poderá ter justificado a sacralização do lugar.

056. Necrópole de São Gens. Celorico da Beira. 2014

sábado, 1 de setembro de 2018

Gonçala

[procurar um país 071] Os mais antigos monumentos funerários em território hoje Portugal são primeiras arquiteturas. São as antas ou dolmens. Eram estruturas de suporte das mamoas, da terra que cobria uma câmara acessível onde eram depositados os mortos. Hoje permanecem erguidas sobre o solo, a marcar paisagens arqueológicas, lugares de povoamento muito primitivo.

055. Anta na Herdade da Gonçala. Mora. 1986