segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Monte Clérigo

[pst 053] Cresciam clandestinamente e ninguém, de início, se preocupava muito com elas. No entanto, foram alastrando rapidamente e hoje não podem ser ignoradas. Mudaram de forma irreversível a fisionomia do espaço habitado. Criticava-se-lhes a implantação desapropriada e o desenho desenraizado dos modelos tradicionais. Eram tidas como gestos arrogantes para exibir uma ascensão social rápida. Hoje, na crise vigente dos modelos arquitetónicos e do urbanismo, num espaço em que a arquitetura paisagista ainda não ocupa o papel que lhe é devido, teremos de olhar o fenómeno da casa, dita de emigrante, sob um ponto de vista diferente. Representa a concretização de um sonho, num franco exercício de liberdade, liberto também, é certo, de uma tradição cultural.
52. Monte Clérigo. Aljezur. 27 de abril de 1996.

domingo, 30 de agosto de 2015

Quinta da Vista Alegre

[pst 052] São um dos primeiros anúncios de rutura da paisagem rural portuguesa. São construídas por emigrantes vindos do Brasil, numa das primeiras vagas de regressados do exterior. As casas dos brasileiros situam-se geralmente em pontos chave da paisagem, por forma a serem vistas de longe, e ostentam riqueza por oposição ao mundo em que se inserem. A partir dos anos 60, o espaço rural português sofrerá profundas alterações, motivadas por construções baseadas em modelos vindos de fora, que já não utilizam os materiais do solo onde são edificadas.
51. Quinta da Vista Alegre — Barqueiros. Mesão Frio. 21 de agosto de 1996.

sábado, 29 de agosto de 2015

Palavras para um início e continuidade

[ronda 22] Apontamentos para um jovem autor. Saber viver com pouco pois disso pode depender a nossa liberdade. A ambição poderá não se limitar a conquistas materiais. Uma singular e pacificadora leitura do mundo que nos envolve, a ‘conquista’ de um lugar, podem ser gratificantes. Manter a concentração num objetivo de referência por períodos longos de tempo. Não seguir movimentos de outros, o já feito por terceiros, não procurar uma linguagem de fazedores próximos ou distantes. Arriscar na base do muito trabalho, dedicação, sem qualquer moralismo, bebendo em fontes seguras, algumas incertas, ao longo da vida. Aceitar a derrota e saber viver em silêncio, sem que reparem em nós. Sombra. Não procurar uma imagem já feita. Saber interpretar as ferramentas de que podemos dispor, num diálogo entre o saber científico e a liberdade poética. Caminhamos sobre um território esquivo. Aceitar a completa incerteza do futuro à luz de um evolucionismo que nos diz que nos estamos permanentemente a adaptar a um mundo que não para de mudar. Trazemos dentro dos nossos genes códigos evolutivos, em boa parte, determinados. Aprofundar a relação com a palavra

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Espigueiros

[pst 051] Não apenas pelo funcionalismo do seu desenho, pela forma como se relacionam entre si e com o seu espaço de implantação, mas também pela presença de uma eira central, um vazio que estrutura o espaço envolvente, os espigueiros constituem uma das mais singulares manifestações construídas do mundo rural. São uma marca da forte presença do milho nas terras atlânticas do Norte e da revolução agrícola operada por este cereal desde a sua introdução em Portugal, no século XVI.
50. Espigueiros — Soajo. Arcos de Valdevez. 6 de junho de 1996.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Praça de Touros

[pst 050] A festa dos touros tem raízes remotas na Península Ibérica. Em Portugal desenvolve-se sobretudo nas terras planas do Ribatejo e Alentejo. No século XIX, após a revolução liberal de 1820, surgem repetidas tentativas de extinguir tal prática, considerada um espetáculo bárbaro e impróprio de nações civilizadas, o que chega mesmo a acontecer, por decreto governamental, entre 1836 e 37. Embora o espetáculo tenha decaído, continua a marcar uma presença assinalável em muitos povoados do Centro. Noutros lugares, longe dos estádios de futebol, os recintos de touros são a memória de uma festa que acabou.
49. Praça de Touros — Azaruja. Évora. 5 de agosto de 1996.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

A coerência e a imperfeição

[ronda 21] Expressar reflexões, talvez apenas para si próprio, sobre passos, dados ou a dar, na construção de um trabalho, entre a descrição do mundo, paisagens e objetos, e a sua interpretação. O sentido da vida pode ser a construção desse lugar, um corpus entre a coerência e a imperfeição, o erro e a verdade, um caminhar que muitas vezes não deixa rasto.


terça-feira, 25 de agosto de 2015

Fonte de Telheiro

[pst 049] O tratamento arquitetónico dado a fontes é significativo da importância da água como elemento fundamental na vida dos povoados. É muitas vezes elemento determinante para a fixação de aldeias, condicionando o arranjo e disposição do espaço envolvente. Embora situada a 2 km de Monsaraz, a fonte de Telheiro, construção datada de 1723, foi até tempos recentes a única a abastecer aquela importante praça militar da raia alentejana.
48. Fonte de Telheiro — Monsaraz. Reguengos de Monsaraz. 7 de agosto de 1996.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Montes

[pst 048] Em 1961 é publicado o inquérito à Arquitetura Popular Portuguesa, obra fundamental para o entendimento do povoamento e da arquitetura tradicional . A iniciativa parte do arquiteto Francisco Keil do Amaral e o trabalho é subsidiado pelo Estado. Desde as tipologias e estudos de Raul Lino, o poder instituído procurava uma fundamentação teórica da Casa Portuguesa — ideia importante para o fortalecimento do espírito nacionalista. A obra, porém, dá a conhecer um Portugal diferente, uma arquitetura funcional, depurada ao longo de sucessivas gerações de homens, profundamente enraizada na terra, adequada a uma economia específica. Caía o mito do estilo nacional. Montes foi um dos lugares estudados no inquérito. A povoação dividia-se em dois núcleos: um deles está hoje praticamente abandonado; no outro, foram reconstruidas algumas casas, marcadas já por um tempo de rutura.
47. Montes — Campeã. Vila Real. 18 de março de 1996.

domingo, 23 de agosto de 2015

Superfície sensível

[ronda 20] As materialidades da fotografia são a luz, o espaço e o tempo. Faces, próximas ou distantes, que se plasmam numa superfície bidimensional.



sábado, 22 de agosto de 2015

Torre de Centum Cellas

[pst 047] A torre de Centum Cellas é uma construção de planta retangular com três pisos e onde a composição das fachadas é ordenada segundo uma rigorosa geometria. Recentes escavações arqueológicas puseram a descoberto outras estruturas, mas pouco continua a saber-se sobre a função deste enigmático edifício. É uma construção romana situada fora das áreas de maior desenvolvimento desta sociedade. As estradas vindas do litoral e do sul passam ligeiras e os benefícios da urbanidade não encontram aqui pontos de fixação.
46. Torre de Centum Cellas — Colmeal da Torre. Belmonte. 29 de fevereiro de 1996.


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Silvã de Cima

[pst 046] A transformação da superfície da terra por forma a torná-la habitável é um processo demorado no tempo. As modificações na estrutura social das populações, nas estruturas económicas de suporte, nos meios de comunicação e tecnologias disponíveis, têm consequências sobre a morfologia do território. Decorrente de alguma inércia desse mesmo território, as transformações mais rápidas dos tecidos sociais levam a que permaneçam na paisagem alguns arcaísmos que, entretanto, perdem o seu espaço de sentido e deixam de ter um significado óbvio, como acontece com o portal lateral de uma igreja de raiz medieval, em Silvã de Cima. Por vezes, esta memória de homens antigos é destruída, noutros casos permanece. Nascemos num espaço construído e com ele estabelecemos uma relação de afeto e identificação. Definimos o nosso próprio território e, como as águas de um rio, fluímos num espaço fluído.
45. Silvã de Cima. Satão. 23 de fevereiro de 1996.


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Aleatório e incerto

[ronda 19] Há muito de aleatório e gratuito nos caminhos que seguimos, bifurcações. Há o fascínio, o medo e o risco, de seguir a incerteza.



Marco de Fronteira, Pedra Estante

[pst 045] Quando nos aproximamos de um marco de fronteira, imediatamente percebemos que por ali passa uma linha que separa duas entidades político-administrativas, numa terra una. Em tempos de exacerbado nacionalismo tentou demonstrar-se que o território português tinha autonomia geográfica em relação à restante Península Ibérica. No entanto, é clara a semelhança entre os dois lados da fronteira. Quando se confinou o espaço português, procuraram-se pontos notáveis para a separação de terras. Na ausência de rios, desenhou-se uma linha que unia marcos de fronteira. Procurou-se que estes passassem por pontos singulares, como acontece com uma pedra erguida em plena montanha, com uma cruz desenhada na sua face, em que o traçado da fronteira inflete bruscamente.
44. Marco de Fronteira, Pedra Estante — Serra de Montesinho. Bragança.  8 de setembro de 1990.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Cromeleque dos Almendres

[pst 044] Localiza-se no Alto das Talhas, na Herdade dos Almendres, próximo de Évora; define um recinto sagrado com noventa e cinco pedras arredondadas, postas ao alto. Algumas têm desenhos apontados, representações da Lua e do Sol. O conjunto das pedras limita uma planta ovalada, cujo comprimento máximo é de cerca de 60 metros e o mínimo de 30. Insólita intervenção na paisagem, é uma arquitetura que tem como tecto o céu e onde a disposição dos seus elementos confere ao lugar um intenso carácter telúrico.
43. Cromeleque dos Almendres — Guadalupe. Évora. 4 de agosto de 1996.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Apelo não determinado

[ronda 18] Respondemos a um apelo das coisas e dos seres que nada tem de determinista, de relação causa-efeito. Somos gestos de liberdade, condicionada por limitações, mais ou menos objetivas, decorrentes de uma biologia e cultura próprias.



segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Muralha de Vila do Touro

[pst 043] Vila do Touro passou a integrar o território cristão ainda antes da formação de Portugal. Situava-se a oeste do Côa, próximo de uma área de conflitos, à beira de uma espécie de terra de ninguém, entre os reinos de Portugal e de Leão. São as terras de Riba-Côa, ou seja, aquelas que estão compreendidas entre o rio Côa e a ribeira de Tourões e, depois, o rio Águeda. Devido ao problema sucessório surgido em Castela com a morte de D. Sancho IV, D. Dinis tem possibilidade de intervir na sua resolução. Avança então pelas terras da Beira em direção a Valladolid, para se encontrar com o monarca castelhano. A 12 de Setembro de 1297, celebra-se o Tratado de Alcañices, pelo qual os castelos e vilas de Riba-Côa passam definitivamente para a Coroa portuguesa.
42. Muralha de Vila do Touro — Sabugal. 25 de julho de 1995.

domingo, 16 de agosto de 2015

Ponte sobre o rio Castro Laboreiro

[pst 042] A construção de estradas e pontes inseria-se numa política de ordenamento territorial do Imperador Augusto e trouxe à paisagem peninsular uma rede viária hierarquizada, que unia as principais cidades ibéricas do Império Romano. As mais importantes eram calcetadas e atravessavam as linhas de água com pontes de arco de volta perfeita. O seu traçado seguia provavelmente outros mais antigos. O modelo continuaria a ser utilizado até ao século XVI, ou mesmo mais tarde, sendo em muitos casos difícil de precisar a data da sua construção. Muitas delas chegaram até aos nossos dias, outras desapareceram ou transformaram-se em caminhos velhos. Outras ainda, devido ao desenho do seu traçado e às regiões que atravessavam, foram substituídas pelas estradas atuais.
41. Ponte sobre o rio Castro Laboreiro — Assureira. Melgaço. 29 de agosto de 1994.


sábado, 15 de agosto de 2015

Casa de fogo e gelo

[ronda 17] Definimos uma arquitetura. Construímos um lugar com pessoas, objetos, memórias. Lá fora fica todo o passado evolutivo que nos trouxe aqui, e também todas as catástrofes naturais de um planeta que desde a sua formação 'gira' em torno de fogo e gelo.


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Barragem de Santa Luzia

[pst 041] Os romanos já construíam barragens para retenção de água para rega ou abastecimento de povoados. Durante o século XX atingem dimensões até então nunca imaginadas e passam a ser uma das principais "fontes" de energia elétrica. Nos anos 50 e 60 constituíram a mais notória tentativa dos engenheiros afetos ao regime salazarista para modernizar o País. Como se sabe, criam enormes albufeiras que são hoje pontos de paragem de veraneantes. Obra grande do engenho humano, causa, no entanto, alguns problemas a populações locais, devido principalmente à submersão de terras agrícolas e a alterações de micro-clima. Não é raro também, fazerem desaparecer aldeias e o património arqueológico. A barragem de Santa Luzia está construída, sabiamente, no local onde o rio Unhais atravessa uma crista quartzítica, que mais a noroeste, sustem a antiga vila de Fajão.
40. Barragem de Santa Luzia — Vale Grande. Pampilhosa da Serra. 16 de março de 1996.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Rocha da Galé

[pst 040] O rio Guadiana atravessa uma região muito quente e seca, o que, juntamente com a pobreza dos solos e a sua situação raiana, faz dele o eixo de uma das áreas de mais fraca densidade populacional de Portugal. Fizeram-se vários estudos para tentar construir barragens para irrigação de campos agrícolas. A Rocha da Galé, pela sua posição, já foi alvo de prospeções com o mesmo objetivo. No entanto, de todos os projetos, o mais conhecido é, sem dúvida, o do Alqueva — mega-barragem capaz de armazenar 3300 milhões de metros cúbicos de água. Com projeto dos anos 60, a obra é iniciada em 1976. O caudal muito irregular deste rio não permite saber antecipadamente quando a albufeira irá encher e, por quanto tempo a água se manterá, sob os elevados níveis de evaporação da tórrida planície alentejana.
39. Rocha da Galé — Rio Guadiana. Mértola. 22 de março de 1992.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Ludibriar impossibilidades

[ronda 16] O nosso trabalho lida com memória, tempo, espaço, devir humano. Jogo de leitura e entretenimento para ludibriar algumas impossibilidades.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Sepulturas antropomórficas

[pst 039] Moreira de Rei é uma pequena aldeia, 6 km a norte de Trancoso. Foi sede de concelho, sendo-lhe outorgada Carta de Foral por Dom Afonso Henriques, confirmado por novo Foral no ano de 1225, por Dom Sancho II. Subsistem na aldeia inúmeros elementos desse passado longínquo: o castelo, a antiga Casa da Câmara e o Pelourinho, a Igreja românica de Santa Marinha. Esta última ergue-se sobre uma enorme laje de granito e em seu redor, escavadas nesse solo rochoso, estão dispostas numerosas sepulturas antropomórficas. Os cadáveres desapareceram há muito, mas a pedra perpetuou para sempre o protesto dos vivos contra a morte.
38. Sepulturas antropomórficas — Moreira de Rei. Trancoso. 10 de agosto de 1990.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Gravura rupestre

[pst 038] O Cavalinho do Mazouco é um desenho gravado sobre xisto, junto ao rio Douro, que    foi apresentado à comunidade científica em 1981. Era então o único exemplar de arte rupestre do Paleolítico Superior conhecido na Europa. Não longe, em Siega Verde, Espanha, seria descoberto mais tarde um outro conjunto de gravuras do mesmo período. Em finais de 1994 são divulgados os achados arqueológicos do curso terminal do Côa, extraordinário santuário que se estende por uma grande distância ao longo das margens do rio e que acaba com a ideia de que a arte paleolítica apenas existe em grutas pintadas. Dá-se assim um passo muito importante no conhecimento dos primeiros gestos em que o homem revela a sua plena humanidade.
37. Gravura rupestre — Cavalinho do Mazouco. Freixo de Espada à Cinta. 14 de abril de 1995.

domingo, 9 de agosto de 2015

Depois da passagem

[ronda 15] O que deixamos na Terra, depois da nossa passagem, pode ser uma 'casa' que vai ser habitada pelos nossos filhos, por alguém que aí encontra abrigo durante alguns anos, ou mesmo mais tempo. Definição do ser. O entendimento do sentido da vida pode ser a construção desse algo tão diversificado na forma

sábado, 8 de agosto de 2015

Igreja de S. João

[pst 037] É um dos períodos mais singulares da arquitetura portuguesa. Os Árabes desapareceram do Noroeste da Península, onde deixaram ainda menos vestígios que os Romanos. A reconquista avança e a antiga paisagem castreja é cristianizada. O modelo da arquitetura românica é trazido para estas paragens e aqui vai traçar uma evolução própria. Tende para uma simplificação dos diversos blocos que constituem o edifício, para uma geometria simples e depurada, liberta de ornamentos.
36. Igreja de S. João — Castelo de Ansiães. Carrazeda de Ansiães. 30 de dezembro de 1993.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Santuário de Nossa Senhora das Preces

[pst 036] Na leitura de paisagens vastas, a geografia do sagrado define pontos de emergência de forças invisíveis, lugares de ligação entre o céu e a terra. Cria fundamentos ordenadores de um espaço caótico, difícil de apreender nas suas múltiplas complexidades. Locais de quebra e reencontro da ordem social, os santuários do Interior constituem um cenário mítico e ritual, espaço de convívio e comunhão de homens e mulheres no seio de uma natureza hostil.
35. Santuário de Nossa Senhora das Preces — Aldeia das Dez. Oliveira do Hospital.  15 de março de 1996.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Poemas, arte, ciência

[ronda 14] Ao mesmo tempo que se procura o sentido da vida, tendencialmente instruído por séculos, de alguma forma milénios, de investigação científica, poemas, arte, de caminhar humano, vamos, inevitavelmente, aprendendo, procurando, mesmo, a lidar com a morte, com o fim, o ‘regresso’ à inexistência


Estância Sanatorial do Caramulo

[pst 035] Duas causas principais contribuíram para o declínio do efémero desenvolvimento do termalismo e das estações curativas de altitude. Por um lado, os avanços da medicina, principalmente na luta contra a tuberculose; por outro, a democratização das férias e a deslocação massiva das populações em direção às praias do litoral. Perdeu-se assim uma alternativa de animação do espaço interior de Portugal.
34. Estância Sanatorial do Caramulo — Guardão. Tondela. 12 de agosto de 1996.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Almendra

[pst 034] As marcas do reinado de D. Manuel I ainda hoje se encontram por todo o país, desde os mais elaborados edifícios das grandes cidades até aos mais simples e abandonados, mesmo nas aldeias mais distantes do mar. A arquitetura manuelina é uma memória que percorre toda a geografia nacional. Vestígio deixado na terra interior de um período áureo da História de Portugal.
33. Almendra. Vila Nova de Foz Côa. 11 de março de 1995.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Fuga aqui

[ronda 13] Há uma fuga aqui, o caminhar num limiar. A liberdade tem um preço e não deixa, sempre - mesmo tentando evitar esta palavra 'sempre' - de haver riscos

sábado, 1 de agosto de 2015

Palácio de Estoi

[pst 033] Gonçalo Ribeiro Telles, no prefácio ao livro Fundamentos da Arquitectura Paisagista, que recolhe textos de Francisco Caldeira Cabral, ao desenvolver a ideia de paisagem, afirma: "A arquitectura paisagista encontra as suas mais remotas origens no ofício de jardineiro, cujos objectivos são, num espaço limitado, manter o grau de fertilidade, intensificar e dar continuidade ao aproveitamento e melhorar as plantas utilizadas. Bem depressa esse espaço limitado se transformou num lugar idílico de estar e simbólico da fertilidade". O Jardim da Casa de Estoi é um pouco a imagem deste lugar idílico. Data de finais do século XIX — bem patente na sensualidade da estatuária de figuras femininas — mas obedece a um traçado característico da época barroca. A arquitetura paisagista já ultrapassou o espaço contido dos jardins enquanto área de intervenção. Hoje procura o entendimento, para posterior intervenção, de todos os lugares urbanizados.
32. Palácio de Estoi — Estoi. Faro. 15 de fevereiro de 1996.