quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Sucessivas vagas

[Castelo Branco 02] Com sucessivas vagas civilizacionais presentes no solo e nos edifícios, Idanha-a-Velha poderia ser um lugar de partida para uma viagem pela Beira Baixa. É, por muitos motivos, um espaço muito singular, mas outros haverá num percurso desenhado sobre um mapa. Monsanto, Penha Garcia, Salvaterra do Extremo e a garganta do rio Erges, Segura, Rosmaninhal, Monforte da Beira, Rodão e o Tejo. Depois já as paisagens enrugadas, serranas, do xisto. Passaríamos também, à serra da Gardunha, Fundão, Cova da Beira, o vale do Zêzere, ao fundo as encostas da serra da Estrela, Belmonte, Centum Cellas. Este poderia ser um percurso pela linha de fronteira da Beira Baixa. Muitos lugares ficariam de fora, para visitas futuras, neste território contido, mas de uma imensa riqueza paisagística e patrimonial. Aqui permanecem vestígios significantes de tempos passados, muitos eles anteriores à fundação da nacionalidade portuguesa.

Centum Cellas. Colmeal da Torre. Belmonte. 1988


terça-feira, 29 de setembro de 2015

A Luz do Instante - Encontros de Fotografia de Castelo Branco

[Castelo Branco 01] Em resposta a um convite para a realização de uma exposição em Castelo Branco sobre aqueles territórios, propus cinco núcleos de fotografias sobre a Beira Baixa. Esses cinco conjuntos correspondem a cinco momentos em que fotografei aquelas paisagens, entre 1988 e 2014, num hiato temporal de 26 anos. A iniciativa, A Luz do Instante - Encontros de Fotografia de Castelo Branco, representa a sua primeira edição, com a organização da Câmara Municipal e Coordenação Artística de Alice Batista, Carlos Matos, Henrique Trindade e José Costa. As quatro exposições estarão patentes ao público até ao dia 25 de outubro de 2015.
Segura (prox.). Idanha-a-Nova. 2014

Portas de Montemuro

[pst 070] Subir ao alto das serras e olhar a imensidão da superfície visível, estar próximo do céu, pisar a neve, sentir a chuva, atravessar um ribeiro, percorrer as ruas da cidade e prosseguir, caminhar, encontrar o mar. Habitar montes e vales, fazer aproximações demoradas às construções dos homens e tentar compreender uma forma de edificar. E aí perceber as sucessivas permanências e como, no nosso espaço, se revelam os nossos sonhos, vitórias e derrotas, amor e morte, enfim, o desenho do nosso rosto. Encontrar algum do nosso passado pensado perdido.
69. Portas de Montemuro (prox.). Cinfães. 27 de janeiro de 1996.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Poesia-mundo

[ronda 31] É na solidão que se joga a liberdade. A poesia, nas suas mais diferentes expressões, é a linguagem da comunicação do indeterminado. Tem risco, tem especulação, quer ter experiência da vida para fundamentar os seu gestos, mas quer alimentar-se das intuições raras que acontecem quando olhamos o mundo à procura de algo que não sabemos se vamos encontrar ou saber sequer que existe. [último post da série “ronda”].


sábado, 26 de setembro de 2015

Fortaleza

[pst 069] A maioria das fortalezas de litoral data de meados do século XVII e foi construída na sequência da Guerra da Restauração, para defesa da orla marítima. Perdida a sua função militar, muitas delas são abandonadas, tomadas pela ruína, como esta, localizada na costa algarvia, próximo da faz da ribeira de Budens, entre Salema e Burgau. No interior do forte cresce um manto de flores voltado para o mar.
68. Fortaleza — Burgau. Vila do Bispo. 27 de abril de 1996.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Linha do Sabor

[pst 068] Em 1856 era inaugurado, entre Lisboa e o Carregado, o primeiro troço de caminho de ferro em Portugal. A iniciativa foi de Fontes Pereira de Melo, enquadrada numa filosofia, então vigente, de desenvolver as obras públicas para estimular a produção de riqueza. Iniciava-se a transformação material de um país. Era a unificação de terras distantes através das vias de comunicação, começo do Portugal moderno. Mas o automóvel e a camionagem criaram uma rede viária mais eficaz. O comboio deixa lentamente de ser o principal meio de transporte. Começam a ser abandonadas algumas linhas. O vento é agora o único viajante de muitos caminhos de ferro. Mostra que não bastou o uso de novas técnicas para transformar um Interior cada vez mais abandonado.
67. Linha do Sabor — Fonte da Aldeia (prox.). Miranda do Douro. 13 de setembro de 1990.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Seguir sendo de fora

[ronda 30] A poesia contém riscos: enquanto nos revela um mundo de intuições, pode levar-nos ao afastamento, a caminhos de solidão. É neste limbo que se constrói uma casa possível. Numa tempestade de areia, no atravessamento de uma montanha gelada, num mar de tempestade, no atravessamento de uma cidade tensa, seguir sendo alguém de fora.




terça-feira, 22 de setembro de 2015

São Brás

[pst 067] O espaço rural atual já não é marcado apenas por ruínas de casas antigas ou azulejos de moradias recentes. Outras marcas são apanágio dos nossos tempos: lixo, objetos, automóveis abandonados, elementos paradigmáticos de uma postura perante a terra, novos elementos para a leitura de um espaço outro. A terra já não consegue absorver os detritos da civilização, com a mesma facilidade com que outrora decompunha os produtos biodegradáveis.
66. São Brás — Torre de Dona Chama. Mirandela. 29 de janeiro de 1996.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Escola Primária

[pst 066] A construção de centenas de escolas primárias dispersas por todo o País foi uma das obras grandiosas do Estado Novo. Insinuava-se a preocupação pelo ensino básico a todas as crianças. Todavia, Portugal não abandonava um índice muito elevado de analfabetismo. Situadas nas imediações das aldeias, num isolamento vistoso, o modelo arquitetónico foi criticado por ser uniforme e não utilizar os valores da arquitetura local. Hoje, estes edifícios apelam à memória da nossa infância. Em muitas já não se ouvem os miúdos a correr e a sua solidão e abandono, em muitas terras do Interior, evidenciam agora um processo de deserção progressiva.
65. Escola Primária — Bens. Mértola. 8 de setembro de 1996.

domingo, 20 de setembro de 2015

Novos caminhos para o abismo

[ronda 29] A escrita, as fotografias, desenhos, arquiteturas. A arquitetura não são as formas materiais, são os espaços criados para a liberdade humana. Este papel foi muitas vezes cumprido pelos templos de oração, hoje a ciência aponta uma miríade de novos caminhos, percursos fascinantes, talvez o desabar de um passado sólido que nos conduziu aqui e que, ao abrir-nos essas portas, nos mostra, ao mesmo tempo, o abismo.

sábado, 19 de setembro de 2015

Villa romana de Pisões

[pst 065] A villa de peristilo, de átrio central, é o modelo mais frequente da casa grande romana no sul do País. O modelo vigorara entre os séculos I e IV d. C.. Na villa de Pisões, localizada próximo de Beja, o peristilo consta apenas de quatro colunas, o que revela a perda de importância deste espaço central da casa. A villa abre-se aqui para o exterior, para a paisagem circundante, num novo conceito de espaço, numa conceção de habitar diferente. As construções adjacentes são extensas e complexas, o que mostra as suas funções de um centro agricola poderoso e com uma extensa área cultivada à sua volta.
64. Villa romana de Pisões. Beja. 8 de agosto de 1996.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Rosário

[pst 064]
Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;

Luís de Camões, Lusíadas, canto I 


O estuário do Tejo foi em tempos o espaço central, aquático, de Portugal. Nas suas margens recolhidas, abrigadas do mar Atlântico, eram construídas as naus que deixavam depois a barra à procura de novos mundos de riqueza, de abundância e de utopia prometidas. Terminada a sua vida eram abandonadas, apodreciam lentamente. Tornavam-se visíveis na maré vaza. Agora no estuário do Tejo coexistem as perplexidades diversas da nossa relação com a paisagem. Aí encontramos os flamingos rosados, as indústrias pesadas, os pescadores, os mesmos barcos naufragados.

63. Rosário — Sarilhos Pequenos. Moita. 3 de setembro de 1996.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Transporte sublime

[ronda 28] A razão da sua vida era a construção da casa do ser. Aí juntava o seu quotidiano, tudo, ou algumas coisas, pessoas também, que lhe iam acontecendo ao longo dos dias de uma vida já longa. Era a consciência da morte ao mesmo tempo que tudo se tornava cada vez mais imensamente complexo, desde os mais pequenos detalhes. Era a ruína de todos os sistemas, das religiões, face à um progresso imparável que tudo fragmentava à sua passagem. O tempo, agora, era essa desfragmentação de um saber milenar, de que apenas restavam pedaços de poemas, leituras intuitivas e perplexas de vozes antigas, que ressoam na sua exatidão,agora que cada vez menos sabemos do futuro. Somos transportados na velocidade sublime, que tudo tende a apagar.



quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Pedra dos Namorados

[pst 063] O catolicismo não aceitou o culto da fertilidade, nascido no Mediterrâneo no período Neolítico, mas em muitos lugares o clero fechou os olhos às suas manifestações populares. São práticas de tal modo enraizadas que ainda hoje, ou num passado muito recente, estes lugares são visitados com fins cultuais. A Pedra dos Namorados localiza-se próximo de Reguengos de Monsaraz; é um menir cristianizado, como o atestam as cruzes insculpidas. A sua superfície cimeira, aplanada, está coberta de pedras lançadas por moças solteiras. A que conseguir, após o lançamento, que a pedra aí permaneça, casará em breve.
62. Pedra dos Namorados — Corval. Reguengos de Monsaraz. 7 de agosto de 1996.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Castelo Real

[pst 062] Quando os Romanos chegam à Península Ibérica, encontram no solo e clima alentejanos as últimas terras do poente mediterrânico. Fixam-se e deixam marcas profundas e duradouras na região. O domínio árabe virá mais tarde e será prolongado. A Reconquista encontra a sul do Tejo uma paisagem pouco povoada. As terras, seguindo às vezes a anterior delimitação romana, são transformadas em propriedades e doadas a grandes senhores e a ordens militares e religiosas. O latifúndio alentejano, das culturas agrícolas de sequeiro, das áreas pouco povoadas, tem uma história muito antiga.
61. Castelo Real — Quinta da Margalha. Évora. 22 de março de 1996.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Algum espanto

[ronda 27] Encontro um esboço destas palavras, aqui expressas como  'ronda', num documento, na 'nuvem', sem que tivesse a consciência de as ter escrito. Eram recentes, a data estava lá, mas foi com algum espanto que as reli, como se tivessem sido escritas por outrem, acompanhadas por uma consciência ausente, que nada tinha de divino, vozes, talvez, de inumeráveis homens e mulheres que nos conduziram ao que hoje somos. Creio que nos nossos genes haverá informação a que temos acesso fugaz num lampejo intuitivo, raro, extremamente esquivo.




domingo, 13 de setembro de 2015

Senhora da Guia

[pst 071] "O mar, recordo-me, tinha tonalidades de sombra, de mistura com figuras ondeadas de vaga luz — e era tudo misterioso como uma ideia triste numa hora de alegria, profética não sei de quê.
Eu não parti de um porto conhecido. Nem hoje sei que porto era, porque ainda nunca lá estive. Também, igualmente, o propósito ritual da minha viagem era ir em demanda de portos inexistentes — portos que fossem apenas o entrar para portos; enseadas esquecidas de rios, estreito entre cidades irrepreensivelmente irreais. Julgais, sem dúvida, ao ler-me, que as minhas palavras são absurdas. É que nunca viajastes como eu".

Fernando Pessoa, Viagem Nunca Feita  — Livro do desassossego

70. Senhora da Guia — Vila do Conde. 1 de abril de 1994.

sábado, 12 de setembro de 2015

Memorial da Batalha dos Montes Claros

[pst 061] Após a Restauração, os espanhóis não deixaram de tentar a reintegração da Coroa portuguesa. O Alentejo foi o palco principal das tentativas de reocupação do nosso território. A 1 de Junho de 1655, as tropas espanholas saem de Badajoz, sete dias depois passam o Caia, tomam Borba e dirigem-se para Vila Viçosa. Ao saberem da presença de um contingente militar português, junto em Estremoz, dirigem-se a essa cidade. No dia 17, na planície situada entre a serra da Vigária e a da Ossa, dá-se a Batalha dos Montes Claros. Hoje um marco assinala o acontecido: em sete horas as tropas espanholas perdem cerca de quatro mil homens e seis mil são feitos prisioneiros. Não admira que se tenha querido comemorar esta vitória decisiva por meio de um monumento que perpetuava a sua memória.
60. Memorial da Batalha dos Montes Claros — Borba. 5 de agosto de 1996.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Minas dos Carris

[pst 060] As minas dos Carris localizam-se na serra do Gerês, muito próximo do seu cume, a uma altitude que ronda os 1500 metros. É um dos mais inacessíveis e distantes lugares de Portugal. Floresceram durante a Segunda Guerra Mundial, quando o volfrâmio era metal de grande procura para a indústria de armamento. A questão do volfrâmio é um dos reversos do envolvimento neutral de Portugal na Guerra, e originou, na altura, conflitos diplomáticos entre o governo nacional e os Aliados, quando estes pretendiam impedir todo o comércio deste metal para a Alemanha. A sua atual ruína é a imagem patética das efémeras conjunturas em que a indústria cria atividades muito lucrativas mas que não suscitam estruturas produtivas de longa duração.

59. Minas dos Carris — Serra do Gerês. Montalegre. 20 de agosto de 1991.

Contar, descrever

[ronda 26] Como podemos contar uma história, possível, de vida? Seguimos a sedução das palavras naquilo que têm de mais próximo da expressão do pensamento, da resposta tentada às perguntas essenciais que podemos colocar sobre a nossa existência. São as perguntas que surgem depois de atos de vida intensos, momentos ou períodos densos.


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

São Pedro do Açor

[pst 059] Ergue-se das planuras envolventes, dos territórios da Beira. Pela sua posição central e altitude extrema, a serra da Estrela constitui uma referência de base de orientação e de identificação do espaço português. É visível de longes infindáveis, como sejam as serras de S. Mamede, Lousã, Marão, Marofa ou Malcata. Uma das suas ramificações na vertente ocidental chama-se a Serra do Açor. Nesta as formas abauladas do xisto contrastam com o planalto granítico da Estrela, ao longe.
58. São Pedro do Açor — Piodão. Arganil. 16 de março de 1996.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Fráguas

[pst 058] De Belmonte partimos por Inguias, seguimos para a Bendada com passagem a Trigais. Continuamos para norte e, pouco depois, a estrada deixa de ser alcatroada, para passar a piso de terra batida. São as paisagens da serra da Senhora do Castelo. Prosseguimos, atravessamos a ribeira da Quinta do Ribeiro e subimos ao longo da sua margem direita. Passamos aos aglomerados da Quinta de Santo António e Quinta do Souto. Começamos então a avistar, à direita, um morro mais elevado; é ao seu cume que nos dirigimos. Continuamos a subir até atingirmos uma área mais plana; viramos depois numa perpendicular à direita e percorremos cerca 800 metros. Temos de subir o morro a pé. A caminhada  não é grande, mas íngreme. Atingimos o topo, estamos a mais de 1000 metros de altitude e, à nossa volta, são inúmeros os vestígios de muros e paredes arruinadas. Estamos no cabeço das Fráguas, antigo povoado castrejo. A paisagem é a perder de vista, como longe de tudo. Estamos no centro de um outro mundo.
57. Fráguas — A-de-Moura. Guarda. 27 de junho de 1996.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Continuidade e divergência

[ronda 25] Aproximamo-nos de outras pessoas, amamos, partilhamos a intimidade do corpo. Redescobrimos a condição animal de que somos feitos nos nossos filhos. No tempo dos primeiros anos da nossa vida, de que não guardamos memórias, mas que agora vemos no olhar, nos gestos, nos primeiros passos de quem depende absolutamente de nós. Revemos a nossa existência no seu olhar bem como as divergências de um mundo irrepetível, sempre em mudança, mutação ilimitada.



Vicente Wallenstein

[leitura 2_6] Vicente Wallenstein, ator, a ler O Processo, de Franz Kafka. Fotografia feita no Jardim do Príncipe Real, Lisboa, em agosto de 2015. Trabalho realizado no âmbito do programa de incentivo à leitura Ler+, comissariado por Fernando Pinto do Amaral.


domingo, 6 de setembro de 2015

Abrigo de Pastor

[pst 057] A montanha não oferece condições de habitabilidade que propicie a fixação de homens. Só é ocupada de forma precária; por isso encontram-se nela poucos vestígios de presença humana. Os abrigos de pastor constituem um dos mais extraordinários lugares de demora nesses ermos. Mantêm as características da casa castreja e são agora um derradeiro registo do nomadismo sazonal dos pastores, habitantes irredutíveis da montanha.
56. Abrigo de Pastor — Curral da Pedra, Serra do Gerês. Terras de Bouro. 18 de agosto de 1991.

sábado, 5 de setembro de 2015

Mónica Bettencourt Dias



[leitura 2_5] Mónica Bettencourt Dias, cientista, a ler As Ilhas Desconhecidas, de Raul Brandão. Fotografia feita jardim do Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras, em agosto de 2015. Trabalho realizado no âmbito do programa de incentivo à leitura Ler+, comissariado por Fernando Pinto do Amaral.


José Carlos Malato



[leitura 2_4] José Carlos Malato, apresentador, a ler O Anjo Mudo, de Al Berto. Fotografia feita no Jardim do Palácio dos Arcos, em Paço de Arcos, em agosto de 2015. Trabalho realizado no âmbito do programa de incentivo à leitura Ler+, comissariado por Fernando Pinto do Amaral.


Citânea de Sanfins

[pst 056] A cultura castreja desenvolve-se sobretudo no Noroeste Peninsular e consiste na organização de populações, em aglomerados sitos no alto dos montes. A sua disposição topológica está em estreita relação com a orografia, onde os rios assumem particular importância, não só por representarem uma fonte de vida, mas também por definirem vias de comunicação. Mas o predomínio guerreiro desta cultura leva os seus habitantes ao cimo dos montes e colinas. Com a paz romana a maior parte destes povoados deixam, a pouco e pouco, de fazer sentido. Os seus ocupantes descem às terras baixas para cultivarem os vales.
55. Citânea de Sanfins — Sanfins. Paços de Ferreira. 7 de junho de 1996.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Alongar a existência

[ronda 24] Nascemos. Aos poucos vamos tomando consciência da nossa singularidade e de um mundo ao qual nos vamos ter que adaptar, nele evoluir. É condição de estar vivo e alongar a nossa existência num decurso temporal.



Maria Ana Bobone

[leitura 2_3] Maria Ana Bobone, a ler Pensamentos Secretos, de David Lodge. Fotografia feita no Jardim da Estrela, em agosto de 2015. Trabalho realizado no âmbito do programa de incentivo à leitura Ler+, comissariado por Fernando Pinto do Amaral.





quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Moinhos da Serra da Atalhada

[pst 055] 'Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, partiu-o e o deu aos seus discípulos dizendo: "Tomai, comei, isto é o meu corpo"' (Mateus, 26, 26; Marcos 14, 22; Lucas 22, 19). O pão "durante séculos, constituirá o elemento nutritivo básico por excelência, especialmente no mundo rural, exprimindo a própria vida, no centro dos mais significativos mitos e representações simbólicas do ideário da Humanidade". Tecnologia Tradicional Portuguesa — Sistemas de Moagem, da autoria de  Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando Galhano e Benjamim Pereira, é publicado em 1983, com projecto inicial de Jorge Dias. Era a escola da etnografia portuguesa, à procura do que então restava dos moinhos de água e de vento, em tempo de mudança. Agora apresentam a ruína de uma dignidade passada, alinhados, pétreos, indiferentes ao vento.

54. Moinhos da Serra da Atalhada — Friume. Penacova. 24 de junho de 1996.

Fernando Pimenta

[leitura 2_2] Fernando Pimenta, atleta de alta competição/canoagem, a ler Sucesso segundo Nelson Évora, de Margarida Ganço. Fotografia feita no Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho, em agosto de 2015. Trabalho realizado no âmbito do programa de incentivo à leitura Ler+, comissariado por Fernando Pinto do Amaral.





quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Aqueduto de Vila do Conde

[pst 054] Desenvolve-se em 999 arcos de volta perfeita e extensão regular, ao longo de, aproximadamente, 5 km, entre Beiriz e o Convento de Santa Clara, em Vila do Conde. A obra ficou pronta em 1714, após um projeto que levou mais de cem anos a ser concretizado. Desde o quase desaparecimento da sua estrutura entre eucaliptos, ao atravessamento de quintais ou a demolição para a passagem de estradas, esta construção grandiosa une, hoje, à volta da sua parcial ruína, uma série de diferentes tipos de utilização de espaço contemporâneo, entre o rural e o urbano. Representa o carácter efémero de um poder religioso e temporal que durou séculos mas acabou por desaparecer.

53. Aqueduto de Vila do Conde. 18 de dezembro de 1995.