quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Monforte da Beira

[pst 376] Para lá do Tejo, as casas construídas em pedra aparente começam a escassear para dar lugar a outros processos construtivos característicos do Sul do País, da planície alentejana, em que domina o adobe como matéria de construção, e uma arquitetura rasteira. Em Monforte da Beira, um edifício de desenho austero sugere, na pedra miúda das suas paredes, a transição entre dois tipos de material.

375. Monforte da Beira. Castelo Branco. 23 de agosto de 1995

Torre de Menagem — Idanha-a-Velha

[pst 375] "Precisamente no mesmo lugar ocupado em parte pela aldeia, que surge dentro de uma larga curva descrita pelo Rio Ponsul, existiu outrora uma cidade de fundação romana (séc. I a.C.) chamada Civitas Igaeditanorum; mais tarde, não se sabe desde quando, foi Município romano. No período visigótico passou a ser chamada Egitânia; em seguida, era a Exitânia dos muçulmanos e, depois, a Idanha portuguesa; o adjectivo «velha», que leva apenso, foi-lhe acrescentado depois da fundação de Idanha-a-Nova, em 1187, pelo Mestre dos Templários". (D. Fernando de Almeida, Ruínas de Idanha-a-Velha). Idanha-a-Velha foi uma grande cidade, de que nos chegaram numerosos vestígios arqueológicos, como seja a antiga torre templária erguida sobre o podium de um templo romano. Em 884 instalou-se aqui o muladí (muçulmano de origem peninsular) Iba Marwan, o Galego, que sustentou durante anos uma revolta contra o califa de Córdova. Depois de submetido ao califa o lugar não mais voltaria a recuperar a grandiosidade que tivera em tempos remotos; por várias vezes os reis de Portugal tentaram repovoá-lo mas sem êxito.

374. Torre de Menagem — Idanha-a-Velha. Idanha-a-Nova. 30 de agosto de 1996

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Torre Templária, Vilas Ruivas

[pst 374] O torre de menagem é o que resta de uma antiga fortaleza, de que existem numerosos vestígios nas imediações. A sua construção é atribuída aos Templários. Do local, sobranceiro às Portas de Rodão e um pouco acima da ermida de Nossa Senhora do Castelo, colhe-se amplo panorama sobre o vale do Tejo.

373. Torre Templária, Vilas Ruivas. Vila Velha de Rodão.  29 de agosto de 1996

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Caria

[pst 373] Caria teve, provavelmente, fundação romana. Foi-lhe outorgado Foral por D. Manuel, em 1512. Em 1855 deixou de ser sede de concelho, sendo elevada à categoria de vila, em 1924. As Termas Águas Radium deram uma celebridade efémera ao lugar. Embora aí tivesse existido um castelo, de que hoje ainda são visíveis vestígios, devido ao seu reduzido valor estratégico não foi muito utilizado em funções defensivas, chegando a servir de residência de campo aos bispos da Guarda.

372. Caria. Belmonte. 29 de fevereiro de 1996

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Belmonte

[pst 372] Nos finais do século XVIII estabeleceu-se em Belmonte uma grande colónia de Judeus. Ocuparam um antigo bairro da vila, designado por Marrocos, que se transformou em judiaria fechada. Embora sejam aceites pela população local, esta, no entanto, não queria que as suas portas e janelas dessem para as ruas dos judeus, facto que condicionou o aspeto da urbe, mas que hoje não é percetível. No espaço que medeia entre a igreja e o castelo, grandes madeiros queimados assinalam o terreiro de festa.

371. Belmonte. 29 de fevereiro de 1996

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Monsanto

[pst 371] No local terá existido um célebre castro lusitano, cuja lenda afirma aí terem resistido os companheiros de Viriato a um cerco de sete anos às tropas do cônsul romano Lúcio Emílio Paulo. Numa fase mais avançada da Romanização deste território, o sítio acabaria por ser tomado. Nos tempos da Reconquista o castelo foi reconstruido por Gualdim Pais. Resistiu demoradamente às tropas castelhanas de Filipe V, tendo a praça de armas caído apenas em 1704. Lugar de intenso carácter telúrico, Monsanto define um dos lugares mais singulares de um percurso pelos arcaísmos da terra portuguesa.

370. Monsanto. Idanha-a-Nova. 30 de agosto de 1996

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Proença-a-Velha

[pst 370] Proença-a-Velha é de povoamento muito antigo. O lugar foi, provavelmente, fundado pelos Romanos. Só a partir do reinado de D. Sancho I é que conseguimos seguir alguns passos da sua história. O rei doou-a à Ordem dos Templários com o compromisso de estes a repovoarem e defenderem. Pedro Alvites, mestre da Ordem, ordena a reconstrução do castelo e concede-lhe Carta de Foral no ano de 1218. A povoação, antigo município, desenvolve-se no sopé do outeiro do castelo, de que já não há muralhas, nem outros vestígios.

369. Proença-a-Velha. Idanha-a-Nova. 30 de agosto de 1996

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Castro de Argemela

[pst 369] No alto do Cabeço de Argemela é visível um ligeiro enrugamento da terra que define um dos perímetros muralhados de uma antiga fortificação. Hoje quase desapareceu debaixo de uma vegetação densa que torna penoso o acesso ao local. A paisagem daí observada fica na memória. É o maciço poderoso da serra da Estrela, é o Zêzere e a Cova da Beira em toda a sua extensão.

368. Castro de Argemela — Cova da Beira. Fundão. 28 de junho de 1996

Rio Tejo — Portas de Rodão

[pst 368] "O Tejo, como qualquer grande rio, sempre constituiu um poderoso fator aglutinante das diferentes estratégias de movimentação e fixação territorial desenvolvidas pela Humanidade pré-histórica. (...) Em Vilas Ruivas, após a escavação de cerca de 50 m2 de um primeiro solo de ocupação detetado, foi recolhida uma indústria lítica de técnicas e fácies levallois e com um reduzido número de utensílios acabados, associados a estruturas de habitat que são, até hoje, as mais antigas do território português: dois arcos com lareiras no seu interior, interpretados como suportes de pára-ventos ou de cabanas mais vastas". (Luís Raposo, Arqueologia no Vale do Tejo). Do local, onde permanecera o homem do Paleolítico Médio, obtemos uma vista de conjunto do vale, imediatamente a jusante das Portas de Rodão.

367. Rio Tejo — Portas de Rodão. Vila Velha de Rodão. 29 de agosto de 1996

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Montalvão

[pst 367] Montalvão, situada ao sul do Tejo e próximo do rio Sever, foi uma antiga praça de armas de defesa da raia. Teve Carta de Foral de rei D. Manuel e foi sede de concelho até à reforma administrativa de 1834. A estrutura urbana é determinada pelo local de implantação, uma elevação longilínea, pela posição do antigo castelo e da igreja paroquial.

366. Montalvão. Nisa. 29 de agosto de 1996

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Santuário de Nossa Senhora de Mércoles

[pst 366] O templo de Nossa Senhora de Mércoles está construído junto à margem esquerda da ribeira do mesmo nome, afluente do Ponsul, a cerca de 4 km de Castelo Branco. É uma ermida, talvez de fundação templária e a sua arquitetura documenta a transição do estilo românico para o gótico. Existem, não longe deste lugar, no monte de São Martinho, vestígios de povoamento remoto.

365. Santuário de Nossa Senhora de Mércoles. Castelo Branco.  29 de agosto de 1996

domingo, 12 de novembro de 2017

Santuário de Nossa Senhora da Azenha

[pst 365] Ao contrário do santuário da Senhora do Almortão, que recentemente sofreu obras de terraplanagem na área envolvente ao complexo religioso, a Senhora da Azenha mantém integra e próxima a sua relação com o terreno de implantação. Os edifícios, rasteiros e sóbrios, conformam o espaço da festa. Ao longe, o morro granítico de Monsanto é uma referência de orientação deste lugar plano.

364. Santuário de Nossa Senhora da Azenha, Monsanto. Idanha-a-Nova.  30 de agosto de 1996

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Santuário de Nossa Senhora do Almortão

[pst 364] A Senhora do Almortão, que inspirou uma canção de José Afonso, é um dos santuários de romaria mais concorridos da região e mesmo do País. Nos dias de festa, numerosas são as quadras que se ouvem dedicadas à Santa. Canções populares, dolentes e arcaicas, a encher de música a vastidão solitária das terras quentes da planície.

Senhora do Almortão
Minha tão linda raiana
Voltai costas a Castela
Não queirais ser castelhana

363. Santuário de Nossa Senhora do Almortão. Idanha-a-Nova.  30 de agosto de 1996

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Recinto de touros — Amieira do Tejo

[pst 363] Tal como no Centro de Portugal e especialmente no Ribatejo a tourada marca, também na Beira Baixa, uma presença assinalável. Em Amieira do Tejo, o recinto de touros foi construído num anfiteatro natural, evidenciando uma notável integração na paisagem.

362. Recinto de touros — Amieira do Tejo. Nisa. 18 de agosto de 1995

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Lagariça — Castelo Novo

[pst 362] Castelo Novo situa-se como que no centro de um enorme anfiteatro, que é definido pela serra da Gardunha. Em plena área construída do velho burgo encontramos a lagariça. Uma enorme concha, escavada no granito, destinava-se a nela ser pisada a uva para fabrico de vinho. De difícil datação é, no entanto, de indubitável antiguidade e constitui um símbolo daquilo que seriam as antigas práticas comunitárias que caracterizavam as populações destes lugares.

361. Lagariça — Castelo Novo. Fundão. 31 de agosto de 1996

domingo, 5 de novembro de 2017

Canal de rega — Mourinhos

[pst 361] "A Beira Baixa começa ao norte pela Cova da Beira, oásis ou encravamento de entre Estrela e Gardunha, e termina ao sul pelas Campanhas da Idanha — regiões e sub-regiões que estão em polos opostos: uma bem irrigada e aprazível e de fresca vegetação; a outra seca nua e despovoada". Assim caracterizava Amorim Girão, na Geografia de Portugal, as diferenças de duas áreas distintas do território da Beira Baixa. Mas o regadio que permitiu a construção, em 1935, da barragem da Idanha, atenuou localmente este contraste.

360. Canal de rega — Mourinhos, Ladoeiro. Idanha-a-Nova.  30 de agosto de 1996

Ponte sobre a ribeira da Sertã

[pst 360] Situa-se num território de encontro entre Ribatejo, Beira Litoral e Beira Baixa, e a estrutura do seu povoado lembra um pouco as povoações da Estremadura. A Sertã desenvolve-se numa pequena elevação entre a ribeira do Amioso e da Sertã, num lugar de confluências de antigos meandros. Daí um solo relativamente plano, fértil e rico em água, entre os contrafortes das enunciadas serranias xistosas da Beira meridional.

359. Ponte sobre a ribeira da Sertã — Sertã. 17 de janeiro de 1996

sábado, 4 de novembro de 2017

Rio Tejo, Amieira do Tejo

[pst 359] Do lugar da Barca d' Amieira, onde ainda hoje se faz a travessia do Tejo por uma barca,  parte para montante, pela margem esquerda do rio, uma calçada que não deve ser muito antiga e não chegou a ser terminada e que era provavelmente um caminho de sirga. Está interrompida antes de deparar com a barragem do Fratel. É uma obra delicada e sinuosa no contorno da penedia. Na margem oposta do rio foi construída a linha férrea da Beira Baixa, de tempos a tempos percorrida por comboios que enchem de um som metálico e efémero este vale tranquilo.

358. Rio Tejo, Amieira do Tejo. Nisa. 18 de agosto de 1995

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Moinho de água — Rio Ponsul

[pst 358] Este moinho de água existente no leito de cheia do rio Ponsul, apresenta uma construção extremamente sólida e está integrado de tal forma na paisagem que, não fora o escuro definido pelo vão da porta, mal se distinguiria da penedia que o envolve. Hoje abandonado, continua a resistir, serenamente, à força das águas que ocasionalmente o submergem.

357. Moinho de água — Rio Ponsul, Ponte da Munheca. Castelo Branco.  29 de agosto de 1996

Anta — Samarrudo

[pst 357] No picoto do Samarrudo, próximo do monte das Cubeiras e da foz da ribeira de Aravil no rio Tejo, foi construído um marco geodésico sobre a mamoa de um monumento megalítico. Esta anta, como outras da área, parece relacionar-se com o extenso santuário rupestre das margens do Tejo.

356. Anta — Samarrudo, Soalheiras. Idanha-a-Nova. 23 de agosto de 1995

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Castro de S. Miguel

[pst 356] O castro de S. Miguel situa-se no cume de um outeiro a norte da povoação de Amêndoa, entre as serras da Amêndoa e da Melriça. Aí foi recolhido variado espólio do período proto-histórico: mós manuais, lanças, machados, uma placa de cobre gravada, pedaços de cerâmica. Característica deste tipo de povoamento castrejo é a visibilidade sobre terras distantes.

355. Castro de S. Miguel, Amêndoa. Mação. 17 de janeiro de 1996

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Serra da Amêndoa

[pst 355] O pinhal tomou vastas áreas da região a oeste de Castelo Branco. Os fogos florestais são o maior flagelo que assola este lugar de deserção, de onde partem homens e mulheres na procura de outros lugares para habitar. Quase todos os anos a passagem de dias de fogo enche de cinza e de troncos queimados um solo que já era pobre.

354. Serra da Amêndoa, Amêndoa. Mação. 17 de janeiro de 1996

Penha — Serra da Gardunha

[pst 354] O Guia de Portugal cita um texto do Padre M. Martins, da sua monografia A Serra da Gardunha, publicada em 1910, em que este refere ser "toda a serra de forma assimétrica e muito caprichosa, o que dificulta ou impossibilita uma descrição dela aproximada. Predomina, contudo, nela a forma alongada em todo o seu dorso, no rumo leste-oeste. Este começa na Paradanta em terreno xistoso onde se empina quase a prumo; e segue depois para o oriente em terrenos graníticos desde as encostas do Casal da Serra até à notável vila de Alpedrinha. Entre estes dois pontos é que se encontra o espinhaço ou dorso principal da serra, granítico, tortuoso, por vezes alcantilado e intransitável, ainda aos serranos mais arrojados. Pois naqueles sítios íngremes e talhados a pique topam-se grandes penhas e amontoados de grandes massas graníticas, tão altas e de tal modo sobrepostas que não há ser vivo que lá possa trepar, a não ser valendo-se de asas". É a descrição, um pouco fantasiosa, do mais importante maciço orográfico de Beira Baixa.

353. Penha — Serra da Gardunha. Fundão. 14 de agosto de 1996