quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Regresso

[Maia 02] À procura da densidade da passagem do tempo, percorro algumas imagens de arquivo que eu próprio fizera, em 1996, na Maia. Estava então em construção a Torre do Lidador. Mais tarde, em 2003, regresso aos mesmos lugares e vou ainda a outras freguesias do concelho. Desisto de fazer alguma comparação. Numa primeira abordagem ao mapeamento fotográfico do território, desloco-me livremente a partir do centro da cidade. Quase todos os edifícios são relativamente recentes, de duas, três décadas, outros há que estão em construção. Mas a cidade apresenta-se compacta, de algum modo consolidada. Mas há descontinuidades. Estas ocupações ou vazios que se inscrevem numa lógica urbana, ou rural, diferente, não deixam de nos chamar a atenção. São janelas de estranheza que se abrem na cidade. É claramente percetível a inversão de uma ideia de intrusão. Os edifícios altos, de vários pisos, sobretudo de habitação, dominam a malha urbana. O que resta de tempos antigos constitui-se, hoje, como descontinuidade.

Maia. 3 de fevereiro de 2020

Maia. 3 de fevereiro de 2020

Maia. 3 de fevereiro de 2020

 

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Trinta e Cinco Anos de Ordenamento Territorial da Maia

[Maia 01] Entre os dias 2 e 16 de fevereiro do corrente ano, fiz um conjunto de fotografias no concelho da Maia. O objetivo foi a recolha de imagens para a caracterização do território a partir de uma ideia de planeamento urbano que está a ser desenvolvida no município desde 1984. Essas fotografias viriam a integrar uma exposição e um livro apresentado no passado dia 23, na Biblioteca Municipal da Maia. A coordenação do trabalho foi de José Carlos Portugal, que, por curiosidade, foi meu professor na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto no ano 1987/88, a equipa editorial foi composta pela Ana Resende, que assina o design gráfico do livro e por Daniel Duarte Pereira, que assegurou, nas várias frentes, o desfecho muito bem conseguido desta iniciativa.

 

Biblioteca Municipal da Maia. 23 de setembro de 2020

Biblioteca Municipal da Maia. 23 de setembro de 2020

Biblioteca Municipal da Maia. 23 de setembro de 2020

Biblioteca Municipal da Maia. 23 de setembro de 2020

 

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Centro Português de Serigrafia

No passado dia 25 de setembro foi aberta a exposição O Tempo das Imagens III - 35 anos do Centro Português de Serigrafia, na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa. Há uns meses tinha sido desafiado a fotografar o espaço de impressão do Centro Português de Serigrafia. A essa seleção de imagens “oficinais”, recentes, juntei um outro conjunto de fotografias do meu arquivo pessoal. São imagens das gravuras rupestres do vale do Côa. Para estabelecer a ponte entre os dois núcleos de fotografias escrevi um pequeno texto:


Memória e futuro


As gravuras rupestres de Foz Côa são singulares representações de vida e de tempo. Nelas estará a essência da imagem como forma primeva do que atualmente chamamos Arte. O desejo de aquisição do representado, o sublime da linguagem que se desprende da consciência quando nos apercebemos da finitude da vida. 


No espaço oficinal do Centro Português de Serigrafia encontramos, dezenas de milhar de anos depois de Foz Côa, a mesma procura da imagem, em processos que, de algum modo, são já arcaicos. Hoje tudo parece poder ser feito num computador. Mas aqui permanecem os rastos e os restos da tinta, a matéria, os objetos de um labor que nos falam da demora, do tempo da construção das imagens. É a expressão do significado, simultaneamente aberto e difuso, do interminável desenho da memória e do futuro.

 

Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa. 25 de setembro de 2020

Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa. 25 de setembro de 2020

Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa. 25 de setembro de 2020

Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa. 25 de setembro de 2020