quarta-feira, 3 de abril de 2019

Caminhar (Terra 1/5)

[exp_fuga 12] A mais elementar forma de relação com o mundo. O movimento base para o conhecimento. No caminhar, simbólica e objectivamente, está a nossa sobrevivência e a construção de nós próprios, com o leque de competências e ferramentas que se vão definindo ao longo da vida. Há um sentido objetivo e outro metafórico, apreender o universo conhecido, ciência, arte, todos os caminho. O movimento é relação física com o espaço, tempo, energia e matéria. É o partir para o campo aberto, para o ar livre, para a liberdade que nos dispõe a enfrentar todos os perigos que não conhecemos. É a ingenuidade da vontade. Viajar é a inevitável invenção do movimento perpétuo, a impossibilidade de parar como se esta fosse a mais evidente condição de sobrevivência. É uma das consequências da conquista do meio terrestre e de uma liberdade cada vez maior. O Corpo é a mais fascinante máquina que alguma vez poderemos conhecer. O nosso próprio crescimento, ao longo da vida, é a revelação de uma poderosa máquina que todos os dias nos revela as dimensões do ilimitado, do infinito, da construção da vida, de todo um planeta, ao longo de milhões de anos. Toda a evolução da vida na terra condensada no corpo que dialoga com o pensamento por si próprio aberto e condicionado. O espaço e o tempo de toda a humanidade. Ausência como que a desmaterialização de uma condição racional que, em todos os momentos, lê e interpreta a realidade. Viver uma ancestralidade que permanece latente nos nossos genes, na mais funda memória de transportamos dentro de nós e nos transporta para as mais eficazes formas de sobrevivência de que, num dado momento, podemos dispor.
Exposição/Fotografias: Todo o mundo da matéria contemporânea, os elementos da natureza, mas também os artefactos humanos. Poderá haver uma linha de progressiva complexificação dos objetos humanos representados, desde um artefacto em pedra, até um automóvel ou um computador. Câmaras fotográficas ou telemóveis. São todas as matérias e objetos deste fazer. Objetos inusitados, figuras cerâmicas, pedras do Álvaro Duarte de Almeida, livros, objetos de meus pais, Teresa e Ruy Belo; grandes penedos e pequenas pedras na paisagem; automóveis isolados; caixas perdidas; riscadores; fruta.

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Exposição Fuga. Ar.Co. Lisboa. 2019

Sem comentários:

Enviar um comentário