quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Da ruralidade

[Suzanne Daveau 16] Suzanne Daveau liga o tempo da ruralidade, quase como a época medieval — o iluminismo tivera uma dimensão sobretudo urbana — à industrialização e tudo o que se transformou a partir daí. É a ligação o tempo antigo e lento, ao quotidiano célere que hoje vivemos. Na realidade, a palavra “tempo” na sua possível dimensão filosófica ou poética, do despertar de sentimentos e realidades vividas, foi-nos sempre posta entre aspas por Suzanne, objectivamente inserindo-a no contexto da geografia e associando-a ao significado climático e meteorológico. Suzanne Daveau é esta objectividade e rigor persistente, que confere ciência em todo o seu discurso, que trabalha palavra a palavra para construir clareza e homogeneidade. Como se toda a sua vida tivesse sido empenhada na escrita de um livro.


«Se fosse unicamente para a beleza das fotografias podia continuar mas para mim a fotografia era um documento que indicava que em tal data, em tal lugar havia tal luz ou que havia neve ou que não havia neve na montanha. Era um documento científico.» (Transcrição de excerto de conversa com Suzanne Daveau).




Serra do Gerês, Portugal. 1977. (fotografia de Suzanne Daveau)

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