segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Livros

[Alberto Carneiro 08] Nas lombadas dos livros identificamos como que toda a procura humana das formas, da arte, dos sons, da palavra, como se na espessura daquelas paredes, na sequência ordenada das páginas de volumes desencontrados estivesse o sentido perplexo do espaço e do tempo contemporâneos. Estava ali plasmada toda a história conhecida da escultura, da pintura, da arquitetura, de todos os fazeres subtis que nos conduzem ao presente. Ali estava também a construção lenta de um fazer, as margens de uma vida funcional, a busca da arte que interpela o mundo desconhecido, a escultura de cosmogonias. Mas os livros são também futuro, são as leituras vindouras mesmo que nunca se venham a realizar, são uma reserva de tempo e de pensamento para viver mais tarde, são demora, presença, presente constante e imutável.

Espaço de Alberto Carneiro, São Mamede do Coronado, Trofa. 2015

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