[Lugares livres 48] No trabalho de Liliana Velho há seres que emergem da terra, do barro moldado pelas suas mãos, como se nos revelasse do que somos feitos. Como se uma natureza misteriosa atuasse sobre si própria e nos mostrasse o reflexo límpido do que somos. Com cinco séculos depois de Vasco Fernandes, encontramos estas paisagens manuais, fabricadas, tão fascinantes quanto reais. Olhares mediados, ensaios de futuro. Aqui chegamos a um porto, de abrigo e encontro, no decurso do longo caminhar humano. Encontro entre estes dois olhares, uma cidade profundamente diferente, com todo o tempo de afastamento entre si. Arte e humanidade para ler a terra, a fuga a convenções e salto de fronteiras. Espaços livres, o equilíbrio pontual de um interminável trilho que resume todos os lugares por onde passámos, todos os rostos que fazem parte de nós. Uma nova condição de pacificação.