sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Natureza ("Viseu território natureza")

[Lugares livres 16] Na sequência do trabalho de 2015, anteriormente referido, cujo foco tinha sido, sobretudo, o povoamento humano no concelho de Viseu, avançava agora para um olhar complementar. O objetivo era agora o de procurar de lugares pouco povoados, onde estivessem pouco presentes marcas de humanização. Já havia mapeado alguns lugares durante a pandemia de Covid, nos anos 2020 e 2021. No ano seguinte, em 2022, com o apoio de imagens de satélite e da cartografia militar na escala 1/25.000, assinalei vários pontos que poderiam ser relevantes no quadro dos objetivos a que me propunha, o registo fotográfico do que restasse de uma paisagem de natureza intacta. Tendemos a considerar a presença humana como algo estranho à paisagem. A evolução das espécies, e a evolução humana especificamente, dizem-nos que tudo é um processo ininterrupto em que as mais variadas espécies, vegetais e animais, estão em contínua adaptação a um meio ambiente em que nada é absolutamente estável. Na procura de recursos há espécies que se destacam, muitas vezes devido a fenómenos aleatórios que podem partir de uma simples mutação genética num indivíduo, que posteriormente a passa à descendência. Tudo quanto é vivo, na Terra, tem uma origem biológica e responde às leis da Física e da Química. Estas paisagens menos povoadas são como reservas de um tempo antigo em que podemos observar os elementos da natureza atuar sem uma direta interferência humana. Na voracidade do Antropoceno, são como territórios em espera.

Santa Eufémia, Cepões, Viseu, 2021

 

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