terça-feira, 6 de março de 2018

Descodificar

[agora 07] Trabalhamos incansavelmente na descodificação da morte. Se a juventude, na sua demora, nos parece mostrar a imortalidade, o avanço no tempo da nossa existência, vai-nos revelando um fim do qual estamos em aproximação. Ao contrário do que prometem religiões, não haverá eternidade. O paraíso será também uma inexistência. A conquista do vazio, daquela que parece ser a ausência de sentido da própria vida, para além da sua materialidade e do seu carácter biológico, poderá ser uma fascinante base para a “escrita” de uma narrativa, necessariamente evolutiva.
Serra da Estrela, 19 de fevereiro de 2018

6 comentários:

  1. Quando é que publica qualquer coisa sobre o silêncio, a paisagem e a meditação? Material e vivência não lhe faltarão.

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    1. Caro Albertino, tenho pensado nisso, na possibilidade de publicar algo sobre o silêncio, sobre o viajar demorado pelo nosso país. Não tenho ainda nada de concreto mas conto avançar assim que encontre uma oportunidade.

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  2. Muito obrigada, Duarte... pela dádiva da partilha deste dom de saber "ver" a vida, o mundo, o humano... Um beijinho desde a ilha! :-)

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  3. Andas muito céptico, Duarte. Não me parece que haja esse vazio. Mesmo se recorrermos apenas aos argumentos científicos que hoje dispomos existe uma corrente genética da qual fazemos parte. Como o sentido em que nos encontramos veio de longe e chegará longe, mesmo no ponto de vista meramente evolucionista. Do ponto vista, religioso, étnico ou cultural o sentido também existe e é relativamente fácil de provar (digo eu).

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    1. Caríssimo Luís Miguel, eu não ando cético! Defendo uma visão do mundo com convicção. Do ponto de vista cósmico, aquilo que acontece na Terra, a vida, não faz sentido. É uma invenção deste lugar e certamente que existirá, mais ou menos complexa, noutros planetas, na nossa ou noutras galáxias. Sem dúvida que transportamos uma memória genética muito antiga, e, aí, não há vazio.

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