sábado, 21 de março de 2015

Contornar o humano

[Jesus Cristo 11] Ao longo da meu percurso na fotografia tenho contornado a representação humana. Talvez por pensar a fotografia demasiado intrusiva, deixo o meu trabalho evoluir sobre os lugares, sobre a procura de uma face humana refletida nos seus próprios fazeres, deixados nas paisagens, nas cidades. Ou, noutras situações, numa Natureza intocada, desenho o imaginário de um espaço pela primeira vez olhado por uma consciência humana, como se quisesse penetrar no inacessível mistério de um muito remoto passado que já não nos é acessível, que nos revelaria os traços primordiais de um desígnio de liberdade, ou o começo de uma inquietante experiência de afastamento de um conforto irrecusável, ou talvez o oposto disso, a fuga de todos os perigos, dos temporais, das feras, da fome e da sede. Talvez apenas a sucessão de gestos de adaptação a um meio envolvente em permanente transformação, como um jogo em que as regras são subtilmente alteradas a cada jogada, num processo sem fim e sem destino.
Torrão, Anais. Ponte de Lima, Viana do Castelo. 22.08.2001

Barral, Friastelas. Ponte de Lima, Braga. 22.08.2001

Santa Maria de Geraz do Lima. Viana do Castelo. 23.08.2001




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