terça-feira, 2 de dezembro de 2014

O silêncio do grande lago

[Guadiana 86-14_15] Estava habituado a acompanhar as mudanças na paisagem portuguesa, quase sempre pontuais, mas havia, de qualquer forma, um tempo marcado pelo acrescentar de desenho a tudo quanto se fazia, como se se quisesse apagar as marcas das paisagens naturais, ou mesmo de um certo sentimento de pobreza que as acompanhava, havia, de facto, um Portugal pobre e antigo que se procurava esquecer, suplantar, fazer desaparecer. Mas ali tudo era diferente. Em terras de secura evidente surgia um enorme mar interior. Havia um sentimento de estranheza para quem percorria agora aqueles lugares tendo-os conhecido no passado. No silêncio do grande lago, para quem no passado conheceu um rio livre sobre o seu leito, hoje continuará a ouvir as suas águas a correr na direção do mar.
 

 

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