quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Mirandela

[Linha do Tua 54] Depois de Mirandela a linha ferroviária abandona definitivamente as margens do rio Tua e segue junto à ribeira de Carvalhais. Mais à frente também irá deixar esta ribeira e prosseguir o seu itinerário pelo planalto do Norte Interior de Portugal. Estamos no coração da Terra Quente Transmontana, numa paisagem de aldeias marcadas por um povoamento concentrado, rodeadas de campos agrícolas de culturas diversificadas. Desde tempos remotos que o lugar onde viria a ser implantada a urbe de Mirandela era um importante ponto de atravessamento do rio Tua. Perto deste local situa-se o Monte de São Martinho, onde estava implantada a cividade romana de Caladunum. Enquadrada numa política de povoamento do reino de Portugal, expulsa que estava a ameaça moura, D. Afonso II deu ordem de construção de uma povoação nas proximidades do antigo lugar romano. Em 1250, D. Afonso III concedeu carta de foral ao burgo. Foi D. Dinis que deu ordem de construção da vila de Mirandela, na margem esquerda da confluência da ribeira de Carvalhais com o rio Tua, no cabeço de São Miguel, local onde ela se encontra atualmente implantada. Neste período foi erguido um perímetro amuralhado de que poucos vestígios são visíveis. A ponte existente foi determinante para a escolha do novo lugar. Esta imponente estrutura em pedra, que atravessa o vale espraiado, foi primitivamente construída pelos Romanos para a passagem de tropas e minério. Mais tarde, no século xvi, a ponte foi reconstruída quando uma nova carta de foral foi entregue, em 1512, pelo rei D. Manuel. O primeiro grande donatário da vila de Mirandela foi Pêro Lourenço de Távora, que aclamou o Mestre de Avis nas Cortes de Coimbra e foi seu defensor no confronto com Castela, em Aljubarrota, num dos períodos mais difíceis da História de Portugal. A família Távora manteve-se na vila por vários séculos e marcou a sua estrutura urbana. O palácio dos Távoras, atual Câmara Municipal, foi inicialmente construído por esta família e foi reedificado no século xvii. Após uma conspiração falhada contra D. José I, o Marquês de Pombal ordenou, numa perseguição impiedosa, a execução de todos os membros da família Távora, pondo fim a esta Casa. Em 1768, o edifício passou para os condes de São Vicente. Em 1863, o paço foi restaurado, sendo picado o antigo brasão dos Távoras e substituído pela pedra de armas dos condes de São Vicente. Desde então, o exterior do edifício, o mais notável da arquitetura de Mirandela, não voltou a ser objeto de transformações significativas.








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