Fotografar um território vasto. Procurar em Portugal as raízes de uma identidade coletiva que se perde num tempo longo. Construir um arquivo fotográfico. Reinventar uma paisagem humana, uma ideia de arquitetura, uma cidade nova.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Desenhar caminhos
Serra do Gerês. 2012
[Gerês 13] Aqui não é descrito um diário de viagem, mas apenas alguns apontamentos sobre o habitar a montanha. Quando começamos a caminhar na serra, a partir de uma das suas aldeias, localizadas no sopé da montanha, há uma evidência que não tardaremos a encontrar. São as mariolas: uma ou várias pedras sobrepostas verticalmente, que indicam um caminho de pé-posto, que são os únicos que existem na serra. Estamos no último reduto de todo o Portugal, onde não se encontram estradões a varrer a montanha por heróicos condutores de todo-o-terreno, ou pelas insuportavelmente ensurdecedoras moto-quatro. As mariolas atingem por vezes mais de um metro de altura. Se em dias claros podemos, muitas vezes dispensar o seu auxílio, em situações de clima instável, com neve ou nevoeiro, elas revelam-se como um indicador absolutamente precioso, para o bom termo e a segurança de um percurso. O mais curioso nestas construções precárias e arcaicas é a eficiência do seu código, como que a simplicidade mais rudimentar de intervir na paisagem de uma forma clara, quase impercetível, como que o primeiro passo num território que se quer atravessar.
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