[Lugares livres 11] Lugares, arquiteturas, campos agrícolas, árvores, paisagens. São fundos de pintura, em que as figurações humanas, de episódios bíblicos, ocupam o centro do retábulo e nos prendem a atenção. Quando aproximamos o olhar destas superfícies cromáticas, revela-se-nos um mundo que, a uma primeira observação, nos passa despercebido. Há um imenso detalhe na pincelada, no traço. Há marcas do tempo que passa sobre os pigmentos, sobre a madeira de castanho que constitui o suporte destas obras. Mergulhamos, progressivamente, num universo que nos absorve, que nos chama. Estamos dentro de paisagens, simultaneamente reais e imaginárias, com cinco séculos de sucessivos olhares. Fotografar estes matizes é como registar uma paisagem do presente. É a extrema educação do olhar, o mais fino detalhe, que nos mostra Grão Vasco, em que o seu tempo é agora o nosso tempo. Tudo pára, no indizível fascínio desta pintura.
Detalhe de retábulo de Grão Vasco, Museu Nacional Grão Vasco, Viseu, 2021
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