[Casa de Viagem 02] Durante milhares de anos o curso terminal do rio Côa teve ocupação humana. As gravuras rupestres datadas do Paleolítico Superior são uma evidência deste facto. Num processo contínuo, evolutivo, de fixação de comunidades humanas a lugares específicos, surge a ideia de habitação. O vale do Côa, já próximo do encontro com o Douro, é como uma primeira casa. A abundante existência de gravuras rupestres pode ser entendida como uma primeva transformação da paisagem, ou um corte fundacional em relação a outras espécies biológicas que nunca, até ao presente, deram este passo. O vale do Côa, pelo desenho de animais em diversas superfícies de xisto, é transformado numa casa, num espaço de conforto, é uma paisagem apreendida, modificada. Em relação a outras manifestações gráficas, do mesmo período, como as grutas de Altamira, Lascaux ou Chauvet, as gravuras do Côa apresentam a singularidade de serem ao ar livre. A arquitetura, com estruturas edificadas, viria mais tarde e, quase sempre, associada a monumentos funerários.
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