terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Milimétrico visível

[Fotografia-conhecimento 5/6] Este trabalho fotográfico opera num território híbrido. Por um lado o levantamento, o registo visual do espaço e do tempo dos lugares. Por outro lado há um olhar que não é neutro, apesar de um desejo de objetividade. Nada é absolutamente concreto. A fotografia opera seleções do visível, por vezes milimétricas, na alteração de um ponto de vista, que altera drasticamente a significação, a leitura da imagem. Fazer arquitetura com as fotografias, um espaço referencial de partilha e de conhecimento da realidade, para o mundo. A arquitetura assume o carácter simbólico, a súmula de uma condição humana. É o assumir de um passo evolutivo determinante, a construção de um habitat complexo, o corte progressivo com uma natureza intacta, dura, violenta, hostil. No coração de uma cidade, encontramos a força telúrica dos elementos em diálogo, estranhos e poderosos, de um planeta inteiro, de uma casa comum. Na impermanência, na beleza evolutiva dos equilíbrios pontuais de todas as formas da vida, encontramos matéria para continuar.

Luz, prox., Lagos, 2023


 

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