[Lugares livres 08] O livro está estruturado em dez capítulos. A abertura é feita com Vasco Fernandes, pintor que exerceu o seu ofício na primeira metade do século XVI. Conhecido como Grão Vasco, foi o autor de uma obra pictórica notável. Pintou temas bíblicos, como era frequente no seu tempo. Figuras religiosas que se constituiam como referências de poder e identitárias da sociedade de então. Por trás dessas imagens, tantas vezes a ostentar uma riqueza luxuriante, estão paisagens que não se conseguem identificar, corresponder na realidade. São, é quase certo, lugares imaginários. Este ponto é significativo e inspirador. Do segundo ao sexto capítulo é feita uma viagem, com uma sucessão de trabalhos concretos que tiveram chão, ou passaram, por Viseu. O capítulo 7 é dedicado à Mata do Fontelo, entendida aqui como uma cidade metafórica. O capítulo 8 foca horizontes distantes, paisagens que fazem um enquadramento alargado deste território e que, simultaneamente, estimulam a viagem e o conhecimento de outros lugares. Segue-se, no capítulo 9, uma evocação do arquivo fotográfico que deu origem a este trabalho e que, de algum modo, é um lugar entre o real e o virtual, um espaço de reflexão sobre a própria natureza da imagem fotográfica e a sua relação com a realidade. O décimo e último capítulo, tem uma ligação com o primeiro na medida em que se foca num trabalho criativo que reinterpreta a paisagem. Simultaneamente próximo e distante de Grão Vasco, o trabalho cerâmico de Liliana Velho fecha esta viagem pela cidade e pelo concelho de Viseu e abre as portas a uma reflexão sobre uma cidade imaginária a que podemos ser transportados quando nos libertamos da estrita observação da materialidade da terra.
Antiga estação de serviço IP5, Vila Chã do Monte, Torredeita, 2022
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