[Casa de Viagem 05] Numa cidade há uma enorme concentração de pessoas. Cada edifício, cada casa, cada apartamento, pode ser um mundo de criatividade. Ao contrário de uma aldeia, onde tudo é relativamente contido e rarefeito, as cidades são como espaços sem fronteiras em permanente aceleração. Se as aldeias se prendem a uma antiguidade remota, aos ritmos circadianos e às estações do ano, à terra lavrada, as cidades são ambientes de liberdade, de desprendimento, tentado, de códigos antigos. As cidades têm o fascínio de uma viagem evolutiva. Tudo está em permanente e célere transformação. O espaço urbano é o do ensaio do futuro, mas também do risco e da insegurança. Nos edifícios podemos ler barreiras, quebras com a continuidade da geografia. Talvez seja este um dos maiores paradigmas da urbanidade: a quebra com a paisagem contínua que observamos em campo aberto, na Natureza, onde mesmo os acidentes geográficos são gradações mais ou menos extensas de paisagem.
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